domingo, 18 de abril de 2010

Ausência feminina por uma visão masculina

Hoje senti sua falta de manhã. Assim que acordei, procurei em vão seu corpo no meu colchão vazio. Procurava você com um pequeno sorriso no canto do rosto, ainda um resquício da vigília noturna que tive você com a personagem principal do meu palco anímico. Tudo caiu por terra, ao ter a certeza racional de que embora desejoso que estivesse ali e como um presente, não se encontrava.

Ao tentar apagar o sorriso do meu rosto, para levantar-me e escovar os meus dentes, fui surpreendido com o seu gosto em minha boca. Começo a pensar que você age como uma assombração, um fantasma que me persegue a cada pequena fração de tempo do seu dia. Digo, do meu dia. Será que nem mais os meus dias serão meus com a tua pesarosa ausência?

Não, eu vou me controlar. Escovo os dentes, mas não sem escutar a tua doce risada, aquela quando é surpreendida por um chiste entre os momentos de prazer que sobe em espiral o volume, entorpecendo-me os sentidos e inebriando-me por ter conseguido dar-lhe um sorriso após um dia tão conturbado, tão cheio de tormentas. Navega, neste pequeno momento de recordaçõa, junto a calmaria do oceano do amor, com possibilidades de turbilhões de prazeres a qualquer estação.

Quando tento caminhar para o chuveiro, nem ao menos chego a relutar. Só atenho-me ao não mais usar o nosso sabonete para que não traga uma outra lembrança sensorial tão temida. Ao ligar a água, lembro-me do seu pedido para deixá-la mais quente. Depois, mais fria... Até chegar a um meio termo típico da indecisão feminina tão agradável. Ao banhar-me, sinto a sua falta naquele box vazio. Enxugo-me.

Ao voltar para o quarto, mais uma vez deparo-me com a cama vazia. Passo a toalha pela cabeça, apenas tendo a derradora certeza de que demoraremos a nos encontrar de novo. Sua roupa não está espalhada, sua lingerie não está jogada em qualquer lugar pela volúpia ardente de nossos desejos mais loucos, da nossa sede pela saliva um do outro. Nada esta lá. Só há a falta. Dói-me um pouco, sinto um pesaroso sentimento em meu coração, quase como se uma mão pegasse e o apertasse, aos poucos, para afirmar uma coisa que há muito sei que é verdade: estou só naquela manhã.

Tento enxugar uma lágrima que busca caminhar pelo meu rosto, quase como se buscasse irrigar os campos do teu apartamento. Ah... Mas o teu cheiro, misturado ao daquele perfume sobe-me as narinas quando tento respirar fundo para conter o pequeno riacho que se formava no meu rosto. Teu cheiro ganha de novo, levando-me a lembrar dos teus olhos fulminantes e famintos por paixão, seus sussurros, o calor quente do teu corpo, a chama que sobre pelo teu caminho, o suor, o seu gosto, a sua...

E suspiro fundo, ansiando cada dia mais pelo teu encontro. Não sei mais o que querer ou o que não querer. Sei que preciso de você. Disso eu sei... Sei que anseio pelo nosso encontro. Por menor que ela seja, por mais ínfimo que possa ser... Nosso momento. Só esta esperança me dá forças para poder prosseguir o meu dia, para que eu possa caminhar nesta seara sem que você esteja do meu lado. Anseio o dia que poderemos dividir nossos despertares, mas até lá... A única certeza de presença que terei em minha vida é viver a tua ausência.

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