segunda-feira, 12 de abril de 2010

Roberval e sua lógica

Roberval era um homem intrigante. Sempre ansioso, buscava respostas rápidas para tudo em sua vida. Buscava ser uma pessoa com respostas prontas, sempre corretas. Sua busca por respostas era sempre baseada em que quanto mais imediata fossem suas respostas, mais rápido poderia ganhar todos os prêmios que a vida poderia lhe oferecer e mais rápido poderia passar por todas as angústias do seu dia.


O que Roberval não sabia é que haviam variáveis que não poderiam ser mensuradas, medidas com suas falhas observações quantitativas matemáticas. Ele buscava, dentro de regras criadas dentro de sua própria cabeça, uma orientação para tudo na vida, de maneira pragmática. Quase que de maneira sintomática, externava sua ansiedade no outro.

Descobriu isto quando percebeu que tinha perdido sua namorada porque era sempre afoito, nunca deixava com que ela opinasse em nada. Sua aptidão para ser rápido só não se estendia a área que fica entre quatro paredes, mas mesmo assim era o único lugar para a qual o seu "tiro rápido" não se estendia.

Sua namorada o deixou porque ele sempre atropelava tudo o que ela poderia falar. Ele nunca a deixava procurar por ele; nunca a deixava presenteá-lo, pois ele sempre lhe dava um maior; nunca procurava fazer uma surpresa, porque ele sempre estragava tudo com o seu raciocínio rápido e inquietante.

Quando sua namorada o largou, ele buscou uma resposta. Uma rápida também. Deu de cara no muro várias vezes porque não conseguia com que ela fosse comprava de maneira empírica. Sua ansiedade era tamanha, mais tamanha, que ele não admitia uma variável de possibilidade, uma pequena variável para que pudesse entender ou, ao menos, passar a levar a vida com uma maior tranquilidade.

Dentre este turbilhão indiscritível de pensamentos lógicos, ele observou, ao longe, uma mulher loira. Parou. Pelo menos parou com todas as suas elocubrações inutéis, tudo aquilo que ele mesmo colocar para atormentá-lo, como se fosse uma faca no seu próprio coração, como se fosse ele o primeiro a ter que fazer tudo... E ele só observou aquela linda jovem loira de olhos esmeraldas cruzando.

Lembrou-se do tempo em que lia mitologia grega e lembrou-se da figura das ninfas que saiam da água, nuas e sedutoras, como se pedissem para serem provados por quem ali estivesse. Ele lembrou-se disso e sentiu a garganta seca. Sentiu suas papilas gustativas se contraírem com a falta de líquido. Sentiu um pequeno frio da barriga e, ao mesmo tempo, esquentar em volta.

Percebeu que observando aquela cena que durou poucos segundos, passou horas sentindo todo o tipo de sensações que há muito tempo não havia sentido. Ele havia deixado o seu coração bater forte. Ele havia suspirado de amores por uma desconhecida, mas que havia conseguido deixar todas as suas angústias de lado, pelo simples fato de que ele queria experenciar mais a vida. E experenciou.

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