segunda-feira, 7 de junho de 2010

Do casulo a borboleta - A coragem de ter fé em si

Vivemos na nossa própria solidão. Apreciamos as outras pessoas para não observarmos o quão sozinhos estamos. Quando nascemos, não temos mais alguém que nos acalente e nutra todas as horas do dia. Passamos, então, a interagir com um mundo que é maior do que o anterior e mais estranho; frio, quando deveria ser quente. Este frio vai modelando parte das nossas relações humanas. Chama-se decepção.


Crescemos e vamos aprendendo como vamos conquistando a atenção do outro. Buscamos sempre uma forma de procurar ter aquilo que nos atrái. Nem sempre conseguimos. Ao conseguirmos, procuramos tratar daquilo como a melhor coisa do mundo. Podemos, por vezes, enjoar daquele brinquedo antigo. Então, colocamos ele na prateleira. Mas as pessoas não são como brinquedos: elas vão embora, quando percebem que não mais temos aquele amor tanto por elas quanto dizíamos.

Perdemos. E quando perdemos, ou na iminiência de perder, tentamos dar o valor que achávamos que devíamos antes de temer a perda. Pode ser tarde demais... Ou pelo motivo errado, de simplesmente não querermos perder ou pelo motivo certo, de procurarmos valorizar aquilo por nos ser caro (nos ser especial). O tempo é crucial neste tipo de situação para que o outro não perceba que podemos estar agindo pelo motivo errado.

Quando há a percepção do outro neste sentido, poderíamos usar a analogia de Hegel para o Senhor e o Escravo. Ao escravo perceber que é mais importante para o senhor do que o senhor para ele, ele se liberta. Então, o que acontece com nós mesmos, aqueles que tentaram resgatar o outro é que percebemos que perdemos. E, ao perdermos, sabemos que não nos pertence mais. Somente pertenceu enquanto agíamos daquele modo.

Esta é uma questão para nos libertarmos de nós mesmos. Os elefantes são amarrados com correntes a um pequeno cotoco de madeira. Ao não conseguirem fugir, eles simplesmente se acomodam naquela situação. Ao crescerem, não precisam de cordas mais fortes nem cotocos maiores: eles simplesmente vão ficar ali amarrados e nunca mais sairão daquela espécie de zona de conforto.

Este é o passo para nos conhecermos, nos libertarmos. Podemos ser como lagartas toda a vida ou arriscarmos sermos as borboletas. Para isto, porém, temos que entrar em um escuro casulo dentro de nós mesmos e maturarmos nossa própria idéia de liberdade, não importa quanto tempo dure. O verão há de vir, como diria o poeta, e ele virá somente para aqueles que tiverem paciência. Acrescentaria eu, para aqueles que tiverem paciência e amor.

Nunca sabemos o que poderemos encontrar em uma nova esquina, mas devemos fundamentalmente nos aventurarmos naquela nova esquina para sabermos o que podemos encontrar. Basta olharmos para dentro de nós mesmos e respirarmos fundo: poderemos encontrar tesouros enormes, diamantes lapidados dentro de nós mesmos... Tudo porque podemos ter tido alguém que nos mostrou nosso interior com uma luz linda - o nosso próprio reflexo no espelho.

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