terça-feira, 13 de julho de 2010

Jonathan e Wanessa

Jonathan era um sujeito assaz intrigante: possuía uma alma de adolescente, mesmo sendo já um adulto. Buscava, quando enamorava-se por alguém, transformar aquela pessoa em seu mundo - tudo o que ele fazia, realizava pensando nela; o ar que respirava perto dela tinha mais doçura, o simples fato de tocar a pele daquela que era sua amada fazia eclodir nele sensações avassaladoras. Sabia, contudo, retribuir na mesma medida o prazer que ela lhe dava. E assim vivia seus dias, sempre com um amor para chamar de seu.

Conheceu Wanessa em um destes sítios da internet. Conversaram durante algum bom tempo e, após isto, trocaram o sítio de bate-bapo por um local mais privado, um programa de mensagens instantâneas, com direito a câmera. Ao conversarem, ela descobriu que ele era realmente um bobo: chamava a fruta kiwi de "quivi" - porque era assim que deveria ser chamada, era uma fruta tropical. Trocavam palavras difíceis, com um rebuscado ornamento.

Através dos vocábulos digitados e ditos, estreitaram um laço de ternura um pelo outro. Através do primeiro encontro, do primeiro toque, do primeiro beijo... Ah, poderíamos dizer que estavam ali arraigando uma futura árvore, cujo o produto por ela gerado só poderia ser o mais doce e puro amor. Jonathan sempre lembrava de seu amor assim: um olhar profundo e um quê de distante das coisas mundanas, uma leve maquiagem - nunca exacerbada -  para definir uma feminilidade e um perfume capaz de pregar peças no próprio Cupido.

Porém, nem tudo na nossa vida é um perfeito conto de fadas. O nosso pequeno protagonista tinha uma característica peculiar: ao estar com ela, era uma rocha de certeza sobre o que sentiam. Com a distância, a sua carência e seu medo de perdê-la o faziam vacilar, por vezes, como um barco a deriva da sua própria tempestade emocional. Em uma destas conversas que era melhor não ter acontecido, ele cobrou dela. Cobrou dela atenção, afeto, amor... Tudo aquilo que ele achava que deveria cobrar.

Pobre Wanessa, não esperava esta atitude. Afastou-se, imediatamente, como um pássaro que busca o seu ninho para se recuperar de um objeto lançado contra ela. Ficou com medo de voltar ao ninho de amor dos dois, optando por um lugar mais distante. Após a discussão, ele achou senhor de si mesmo. Percebeu que estava dando um rumo certo ao seu relacionamento e tinha mostrado a ela suas reais necessidades. Sentia-se confiante.

"Ai de mim..." - disse ele, referindo-se a dor de amor sentida pelos gregos - " Por que fui fazê-lo?". Sabia que tinha ferido o seu amor por uma insegurança que era sua. Cobrou algo que nunca poderia cobrar: afeto. Afeto se dá porque se gosta, e nem sempre dá maneira como acha que deveríamos. Sentiu-se tão pequeno como o inseto que observava na parede. O termo correto seria que ele teria entrado em parafuso por nada. Não sabia como consertar o erro. Não sabia o que fazer.

No amor, em geral, não temos muitas regras. A primeira e mais básica é amar. A segunda é que o amor deve ser sempre cultivado, arado e adubado; mesmo que, para isto, precisemos admitir nossas maiores falhas. E foi o que ele fez: mandou um correio eletrônico esperando que pudesse, através de linhas de choro e tristeza, plasmadas de amor, pudesse arremeter a aeronave que caía por falta de funcionamento adequado.

Esperou duas horas e, após isto, ligou. Wanessa atendeu. Ele pediu desculpas, tentou se explicar. Ela, porém, apenas disse:

-"Sem problemas, eu compreendo. Entendo porque sofre. Eu também; mas, por enquanto, vamos..."

Ele, com medo, a interrempeu:

-"Vamos apenas deixar ser? Sem cobranças? Como a música dos garotos praianos?"

Ela sorriu. Ele tinha entendido, pelo menos a princípio. Somente o tempo diria se ele realmente poderia cumprir. Ela, porém, resolveu apostar naquele adulo de alma de adolescente.

-"Sim... Para que sejamos os adolescentes do início do nosso relacionamento... Onde só havia o desejo de estarmos juntos um do outro."

Ele sorriu. Chorou, também, como toda pessoa para lá de emotiva. Para poder, ainda, se sentir mais aliviado do que tinha dito, mandou-lhe flores do campo. O perfume delas tinham um quê do perfume que ela utilizava. Ela mandou uma mensagem pelo celular dizendo o quão feliz ficou por receber tal mimo e que, no próximo encontro, iria levar-lhe uma surpresa especial... Era só ele esperar.

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