segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Aranella

Aranella era uma lesminha muito esforçada. Trabalhava para sustentar os seus pais na Floresta Encanta Mágica. Ela dava muito duro para poder ter sempre uma boa estrutura para quem a havia criado com tanto amor. Seu nome era trabalho. Sempre fechada, no seu próprio mundo, raramente se dava a oportunidade de se divertir. Buscava, no seu dia-a-dia, o suporte de felicidade através do labor.

Certo dia, porém, encontrou uma Joaninha pequena, espevitada e divertida. Falava pelos cotovelos. Era, contudo, uma Joaninha bem invocada: era uma Joaninha macho, de nome Arthur. Sempre se enfezava quando o confundiam com uma fêmea. Era divertido e curioso os ver juntos: enquanto ela trabalhava, ele conversava com ela e, por vezes, até almoçavam juntos. Com isto, pouco a pouco, tornaram-se grandes amigos.

Um dia, porém, houve algo terrível na vida de Aranella. Ela passou a ser mais fechada e sisuda do que antes. Tudo isto deixava Arthur preocupado: achava que poderia resolver todos os problemas do mundo. Decepcionou-se momentaneamente ao ser posto de lado da vida daquela bela lesminha. Ele, no entanto, não iria se deixar abater - já havia cultivado uma enorme afeição por ela, assim como ela por ele. Não poderia deixar que algo que não soubesse interferisse na vida deles.

O que ele faria? Demonstraria que se importa com ela ao extremo. No dia seguinte, a porta de Aranella havia amanhecido com pétalas de gérbera, como se fizesse um lindo tapete para uma direção. Ela, curiosa como de costume, dirigiu-se até um pequeno toco de árvore. Sentou-se ao que parecia ser uma cadeira. Observou a mesa bem decorada e estilizada: as pétalas eram harmoniosamente arrumadas, compondo um lindo visual.

Ao passo seguinte, Arthur veio com o café-da-manhã: tinha produzido belos crepes de creme, com calda de cacau e morangos silvestres recém-colhidos. Apenas serviu e comeu. Conversaram horas sobre amenidades, até tendo atrasado um pouco a lesminha para o seu trabalho. Ao apressar-se para lá, Arthur a impediu. Disse que já havia cumprido toda a tarefa dela na noite anterior e que havia até mesmo acumulado um excesso para o dia seguinte, já que o dia seria de diversão.

Ele a levou para passear. Foram a uma peça de teatro do grupo das minhocas sem patas. Riram-se de muitas coisas. Passaream pelo shopping, tendo ele comprado um lindo arranjo de cabelo para ela. Ela brigou com ele para pagar; ele negou-se a receber, dizendo que era uma forma de acarinhá-la. Ela enrusbesceu-se e apenas cedeu a este pequeno desejo. Arthur ficou radiante de felicidade e a levou para jantar.

Após a refeição apetitosa, passearam sob a luz do luar. Ali, Arthur tocou em seu rosto e lhe disse o que sempre sentiu por ela:

"Que eu a amo desde o primeiro dia que a havia te visto. Que a tenho como meu fogo pela vida e que ela o incetivava a ser um inseto melhor. E o mais importante, minha linda - sempre vou estar aqui para você, mesmo que não fale. Sempre vou ter a paciência para aguardar você se abrir, caso queira fazê-lo comigo.

Caso não, apenas vou abraçar você e lhe dar suporte. Quero cuidar de você e embalar os seus sonhos. Quero velar pelo seu sono. Sei que não posso resolver tudo, sei que por vezes insisto demais nisto... Mas é a minha forma de demonstrar o quanto amo você. Venha comigo, venha... E seremos sempre eternamente felizes. Um ao outro; um pelo outro. Apenas espero que aceite o meu jeito meio doido de ser e minhas idéias mais doidas ainda... Mas são doidas porque nem sei como entender o amor que sinto por você. Apenas decidi aceitar a te amar, sem nada querer racionalizar."

Ela, sorriu daquela declaração. Jamais havia escutado algo tão bonito e delicado em toda a sua vida. Ela passou suas antenas em sua mão. Ele, então, beijou-a, de um modo gentil e delicado. E amaram-se.

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