Era temeroso em relação ao seu futuro. Quando não ao seu futuro pessoal por ter alguém ao seu lado, o era perante o seu futuro profissional. A sua vida era uma montanha russa sentimental, sempre levada por extremos. Doía-lhe o fato de ser assim. Por várias vezes tentou mudar, nunca tendo um sucesso do que se diria promissor. Algo passageiro sempre lhe tampava a vista e, com isto, deixava para mais tarde a resolução de seu problema maior - ele mesmo.
Fingia que não se ouvia, muitas vezes. Embora soubesse o caminho que devesse tomar, seu medo de prosseguir funcionava como um aprisionamento de elefante. Quando ele é pequeno, colocava-se uma corrente forte e ele nunca saía de lá. Com o tempo, deixava de tentar sair e aceitava a sua condição de miserabilidade. Aderbaldo contava que isto era a sua sensação de felicidade, um ato de conformar-se eternamente com algo que ele entendia como imutável.
Refletiu, conquanto, após um término de um belo enlace amoroso. Suas atitudes precipitaram isto e encontrava-se em período de reavaliação. Tinha decidido abraçar o seu conflito interno, baseado na premissa de que este seria o caminho para a sua reviravolta. Com esforço, aceitou-se mais um pouco. Entendia que não poderia ter tudo o que quisesse no momento que quisesse - isto seria tirânico demais com ele. Parou de gerar falsas expectativas em relação ao futuro. Baseava seus passos na firmeza do estudo para dias melhores profissionais.
Neste compasso, chegou a sua vida uma mulher para lá de objetiva. Ela, com o seu amor, ajudou-o cada vez mais a ser mais racional e objetivo - começara a lutar pela sua própria vida. Ele, por outro lado, ajudou-a a sonhar com dias melhores, a poder aspirar um verdadeiro amor. Em uma tarde, os dois completamente fadigados de tanto trabalharem, apreciaram carinhos amorosos na cama. Ambos não tinham disposição para mais nada e aceitaram este fato de compartilhar o que podiam dar um para o outro.
Aderblado sorriu neste momento. Lembrou que só estava ali por ter aceitado amá-la de um jeito despretencioso, mas que o havia feito capturar seu coração. Deixava-a dançar no relacionamento, evitando - por vezes - precipitações em relação ao futuro. Arneide, por sua vez, começava a liberar aos poucos esta aspiração por dias melhores, cogitando até mesmo um casamento e um fruto da "Dona Cegonha".
Ele a olhou nos olhos, envolvendo-a em seus braços, apenas curtindo aquele pequeno momento de eternidade que compartilhavam. Sentiram-se, os dois, felizardos por estarem ali e enfrentarem os contra-tempos do cotidiano. Ela contava suas histórias da infância e riam delas. Ela, após isto, disse que o amava e o beijo em sua boca. O gosto era o mesmo do primeiro encontro, um gosto de com sabor de quero mais. E foi assim que procedeu aquela tarde: com uma eterna pitada de quero mais.
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