quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Das escolhas

Aderbaldo era um rapaz que sofria antecipadamente por tudo. Sua ansiedade quase não cabia dentro de si mesmo. Exagerado quando amava, era assim também que largava tudo: de uma maneira apaixonada. Este pathos, como os gregos diriam doença, fazia parte dele em todos os detalhes da sua vida - tanto na escolha de uma camisa, quanto na escolha de um projeto de vida.

Era temeroso em relação ao seu futuro. Quando não ao seu futuro pessoal por ter alguém ao seu lado, o era perante o seu futuro profissional. A sua vida era uma montanha russa sentimental, sempre levada por extremos. Doía-lhe o fato de ser assim. Por várias vezes tentou mudar, nunca tendo um sucesso do que se diria promissor. Algo passageiro sempre lhe tampava a vista e, com isto, deixava para mais tarde a resolução de seu problema maior - ele mesmo.

Fingia que não se ouvia, muitas vezes. Embora soubesse o caminho que devesse tomar, seu medo de prosseguir funcionava como um aprisionamento de elefante. Quando ele é pequeno, colocava-se uma corrente forte e ele nunca saía de lá. Com o tempo, deixava de tentar sair e aceitava a sua condição de miserabilidade. Aderbaldo contava que isto era a sua sensação de felicidade, um ato de conformar-se eternamente com algo que ele entendia como imutável.

Refletiu, conquanto, após um término de um belo enlace amoroso. Suas atitudes precipitaram isto e encontrava-se em período de reavaliação. Tinha decidido abraçar o seu conflito interno, baseado na premissa de que este seria o caminho para a sua reviravolta. Com esforço, aceitou-se mais um pouco. Entendia que não poderia ter tudo o que quisesse no momento que quisesse - isto seria tirânico demais com ele. Parou de gerar falsas expectativas em relação ao futuro. Baseava seus passos na firmeza do estudo para dias melhores profissionais.

Neste compasso, chegou a sua vida uma mulher para lá de objetiva. Ela, com o seu amor, ajudou-o cada vez mais a ser mais racional e objetivo - começara a lutar pela sua própria vida. Ele, por outro lado, ajudou-a a sonhar com dias melhores, a poder aspirar um verdadeiro amor. Em uma tarde, os dois completamente fadigados de tanto trabalharem, apreciaram carinhos amorosos na cama. Ambos não tinham disposição para mais nada e aceitaram este fato de compartilhar o que podiam dar um para o outro.

Aderblado sorriu neste momento. Lembrou que só estava ali por ter aceitado amá-la de um jeito despretencioso, mas que o havia feito capturar seu coração. Deixava-a dançar no relacionamento, evitando - por vezes - precipitações em relação ao futuro. Arneide, por sua vez, começava a liberar aos poucos esta aspiração por dias melhores, cogitando até mesmo um casamento e um fruto da "Dona Cegonha".

Ele a olhou nos olhos, envolvendo-a em seus braços, apenas curtindo aquele pequeno momento de eternidade que compartilhavam. Sentiram-se, os dois, felizardos por estarem ali e enfrentarem os contra-tempos do cotidiano. Ela contava suas histórias da infância e riam delas. Ela, após isto, disse que o amava e o beijo em sua boca. O gosto era o mesmo do primeiro encontro, um gosto de com sabor de quero mais. E foi assim que procedeu aquela tarde: com uma eterna pitada de quero mais.

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