sábado, 18 de setembro de 2010

Das pedras

Ícaro estava feliz - e este sentimento vinha da sua recém-descoberta. Não precisou voar até perto do sol, sabia que se chegasse perto demais, iria cair como a figura clássica da história. Resolveu, ao seu modo, procurar fazer pequenas transformações em si mesmo. Seriam poucas, porém boas mudanças, como cada passo de formiga - com um curto avançar, mas firme.

Sua decisão passou pelo fato de querer ser um farol para nortear a si mesmo no mar revolto que havia se tornado seu coração. Balançava como uma nau perdida, fazendo com que os relacionamentos anteriores que havia obtido naufragassem no mar da sua insegurança. Não que ele não fosse um pouco inseguro - só não iria deixar com que isto atrapalhasse a sua navegação.

Nesta nova fase, com uma nova mulher, estava implementando ser firme no seu procedimento. Não um cabeça-dura sem sentido que somente estabelecia limites para mostrar que podia - isto sempre causa mais dor e frustração em ambas as partes. Iria agir da seguinte forma: deixaria claro como um dia de verão que quer a pessoa do seu lado e que está disposto a pagar o preço. A contra-partida deveria ser dela, agora. Ela deveria observar o que precisaria fazer e se estaria disposta a ir com ele nesta estrada.

Pequenas demonstrações de afeto - coisas simples do cotidiano - encantaram-na. Algo como um "eu te amo", dormir junto a ela na noite em que obtivera um pesadelo, amá-la de uma maneira despuradora, rir de suas piadas, do seu jeito de assistir televisão tal qual um infante... Com tudo isto, estava aplainando a estrada para inserir o asfalto. Cabia a ela, conquanto, decidir junto a ele como isto seria feito. Estavam fazendo os dois a passo de formiga.

Ela, ainda ressentida com um rompimento de um relacionamento duradouro - porém infeliz; ele já resignado que o que tinha de duradouro esvaiu-se ralo abaixo e, agradecido, estava limpando tudo o que havia sobrado de mágoa. Não seria fácil, o que não quer dizer que não estava sendo feito. Ela pedia para parar de ansiar pelo futuro, quando ela própria estimulava-o a fazer isto. Sabiamente, ele optou por estaquear estes pontos para firmá-los. Ela, embora contrariada externamente, admirava a capacidade de Ícaro ao poder servir de seu porto seguro.

Não sabiam quanto tempo iria levar esta fase de planejamento, mas divertem-se com ela. A cada novo passo, a cada nova pequena conquista torna a vida dos dois mais leve, adicionando-se uma fé no futuro com uma pitada de uma paixão de adolescente, um ar de maturidade e uma designação firme rumo a um aprofundamento ainda maior da relação - de quando um seria do outro, por tempo indeterminado - até que o amor sempre os unisse, a cada dia de suas vidas.

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