terça-feira, 7 de setembro de 2010

Metade...

Marcel tinha uma bela meia noiva, a qual estava meio grávida. Ele vivia fascinado pelo talvez filho que tivessem. Ele sempre fora um sonhador, gostava de apostar em idéias absurdas e loucas: quanto mais difícil fosse a execução, mais atraente lhe parecia. Certa feita, comprou sementes de pêssego para poder ter deliciosos cocos. Ele dizia que "quanto mais impossível parecesse, mas perto do sonho seria e mais perto do ideal de realizar ficaria.".

Marcel, então, teve que enfrentar a realidade. Sua bela meia noiva foi embora por inteiro, levando o seu não-filho com ela. Seu pessegueiro nem dava pêssegos e nem cocos; ele o havia plantado em terras estéreis. Desolado, entrou em seu quarto de sua meia casa (não era dele, e sim dos pais) e se dirigiu a sua parte da casa, um pequeno quarto nos fundos. No escuro, chorou todas as suas perdas. Tudo o que havia acontecido era por opção dele, mas mesmo assim ele não entendia como tudo podia doer tanto.

Nosso herói, aos poucos, percebeu que sua permissividade era maior do que sua vontade de vencer. Observava que certos gestos e atitudes que tomava faziam com que ele não conseguisse manter o que desejava. Ao invés de impor limites para sua ex-noiva, ele deixava o barco correr solto. Ela era como uma nau a deriva no mar e ele sempre procurava colocar panos quentes. Até o momento que a sua gastrite abriu uma pequena crise e ele sabia o que tinha que fazer.

Porém, antes dele conseguir pedir para que ela se afastasse, ela foi embora. Nunca mais teve notícias dela: cartas, sms, telefonemas, e-mails, páginas virtuais... Nada. Era como se ela tivesse sumido de sua vida como um sonho bom, que acordamos de manhã com o barulho do despertador, odiando-o por nos ter roubado algo tão precioso quanto uma beleza daquelas. Assim, ele iria prosseguir sua vida, pequeno, como ele achava que era.

No escuro de seu quarto, teve uma pequena revelação. Sua meia-noiva havia ido embora por não querer ficar com ele. Racionalmente, ele conseguia entender. Só não conseguia deixar que ela fosse embora de seu coração. Não sabia como fazer isto, como deixar aquela mulher que o apoiara em momentos difíceis e o amado tão torridamente fosse embora. Como poderia colocar tudo aquilo em um quadro e pendurá-lo no hall de seus relacionamentos pretéritos?

Sentia-se só. Como se o mundo inteiro fosse maior do que seu coração pudesse suportar, maior do que seus passos pudessem correr por ele. Cada minuto passava mais demorado e doloroso do que quando esperava por ela chegar. Ele sabia que aquela era a dor por nunca mais tê-la. Sabia que teria que exercer um esfroço hercúleo para tal. Ele teria que deixar que ela fosse embora e se tornasse apenas uma lembrança - algo que nunca mais poderia ser realidade.

0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado pela contribuição! Brevemente a lerei e comentarei!

Template by - @Dudshp | desde 10/11/2009