quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Das pequenas miudezas

Juarez era um caso típico de alguém que não sabia se expressar na área afetiva. Tímido e reservado, poderíamos dizer que só conseguia se abrir quando não havia ninguém desconhecido por perto. Nunca tinha namorado ninguém que não conhece há anos e fazia questão de dar um passo de cada vez, com um rumo certo para cada pequeno encaminhamento afetivo. Se ele acreditasse em astrologia, diria que seu signo capricórnio cairia-lhe feito uma luva.

Outra faceta deste signo, contudo, é a de trabalhar de maneira árdua. O excesso, normalmente para esconder uma mágoa, tornou-se gigantesco quando separou-se de sua ex-esposa. Divorciado há algum tempo, decidiu alavancar sua carreira profissional. Não saía e as poucas horas de relaxamento social que obtinha era através de uma saída mensal com os amigos da sua antiga escola técnica de engenharia. Deseja apenas paz.

Em um desses feriados prolongados, onde já havia adiantado todos os seus projetos, ele resolveu entrar em uma sala de bate-papo. Perda de tempo, pensara. Até que observou uma mulher entrar com o nome de Atenas. Achou atrativo e começou a dialogar com ela. De um bate-papo genérico, foram a um reservado, onde troca-se o e-mail. Dali, algumas horas depois, viram-se através das câmeras. Conversaram ainda mais alguns bons minutos e trocaram telefone. Falaram-se.

Passaram alguns dias assim, até que Dalila aceitou o seu convite para sair. Pareciam dois adolescentes apaixonados: os corações palpitavam apaixonados, pupilas dilatadas, o cheiro de um inebriava o outro... Amaram-se. Passaram alguns dias sempre se telefonando, sempre se visitando e se divertindo juntos. Era uma avalanche sentimental tão grande que era indescritível. Ele refugava, por vezes... Descontava seu stress do trabalho nela. Ela, por sua vez, o direcionava para fora da relação, sempre com amor e atenção. Por vezes, sendo dura também.

Foi curioso uma vez, em que ele viajava e ela perguntou se poderia fazer algo para que pudesse ajudar. Ele esbravejou, falou que não poderia fazer nada, que o seu dia estava ruim e que ele não estava bem. Disse que precisava ficar no seu canto. Ela, então, deixou que isto acontecesse. A grande questão é que ele não parava de pensar em Dalila. Lembrou que se abriu com ela como nenhuma outra pessoa. Estava modificando-se e assustava-se com isto. Será que isto seria bom? Respirou fundo, voltando a pensar em seus sentimentos, coisa que deixara de fazer: tinha passado a viver a vida no automático, sem se questionar. Ele, então, deu-se conta do que estava acontecendo.

Aos poucos, Juarez foi largando sua armadura emocional de lado. Percebeu que poderia entregar o seu coração para ela que ele seria muito bem cuidado. Dalila tinha feito o que as mulheres fazem de melhor, o que as pessoas que são verdadeiras companheiras fazem; ela o deixou à vontade para que ele pudesse se abrir. Ela também aprendeu com ele a ser mais centrada e direcionada. Ambos eram ansiosos e foram ajudando um ao outro. Casaram em aproximadamente um ano. Estão juntos até hoje. Ah, quase me esqueço: mês que vem irá nascer Sofia, a segunda filha do casal.

0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado pela contribuição! Brevemente a lerei e comentarei!

Template by - @Dudshp | desde 10/11/2009