terça-feira, 19 de outubro de 2010

Do método objetivo

Genivaldo era um daqueles típicos heróis românticos do século XVIII. Tudo era por demais intenso em sua vida: transitava do amor mais nobre para a raiva mais profunda, sempre pelo mesmo objeto de desejo. Ao ser afastado do mesmo, até quando ele o queria, sofria por demais. Era desesperado, ligava todo o tempo, mandava flores... Por vezes, elas eventualmente voltavam. Apenas para, logo em seguida, darem o adeus eterno.

Foi no último término o que ele mais se exasperou. Era uma mulher do jeito que queria: inteligente, culta, independente financeiramente, divertida, bonita, boa de beijo e melhor ainda de cama. Eram horas de sexo selvagem e despudorado. Após isto, sempre riam muito e brincavam. Ela se abriu para ele, como ela dizia, de uma maneira que nunca havia feito para homem nenhum. Ele era importante para ela até no momento de decidir o cartão de crédito ou o carro que devesse comprar.

E, então, ela foi embora. Ele não conseguia suportar este fato, fez tudo: email, flores, ligações... E nada adiantou. Ele, então, sentiu-se um pombo - apenas se alimentando das migalhas emocionais por ela disparadas. Cleidiane ainda o atendia, ainda falava com ele, sempre deixando uma fresta da porta aberta para que ele adentrasse. Perguntava sobre seus pais, sobre coisas do cotidiano dele... Após isto, dava-lhe uma estocada por algo que ele tivesse feito que a magoara e desligava.

Nosso herói, então, resolveu parar e respirar. Genivaldo pensou que o amor é bom, quando é bom para os dois; assim como a vida só gosta de quem gosta dela. Algo mágico aconteceu neste momento - ele valorizou a si mesmo. Era um homem sincero, honesto, fiel, simpático, inteligente, culto e batalhador. Havia sido promovido e usaria isto para comprar o anel de noivado que já havia reservado em uma joalheria para lhe pedir em casamento.

Pensou, então, no mais razoável. Ele e ela era independentes financeiramente. Ela estava confusa por ter se separado há pouco de um marido a qual estava acomodada. Ela... "Espere! " - pensou ele "É a minha história que estou escrevendo e não a dela. Ela não mais quer fazer isto comigo. Cleidiane não me ama o suficiente para ficar comigo. Ela pode ter medo, tudo... Mas no final das contas, é ela quem não optou por mim. Não há nela o aquisciemento para sermos um casal."

Ia começar a chorar, quando a lógica surgiu-lhe: ainda bem que ela não estava mais com ele. Desejava alguém por inteiro. Era bom o que tiveram? Sim, era. Supreendeu-se por usar o verbo no passado. Embalou as coisas que ela lhe dera e guardou; copiou os emails para um disco e os apagou de sua caixa, bem como todos os seus telefones foram anotados e guardados lá. Tudo iria ser jogado fora no momento certo, enquanto ele ainda deixava escorrer as últimas gotas de amor que tinha por ela. Dali para frente, tudo seria diferente. Seria mais sábio ao escolher suas parceiras.

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