domingo, 22 de maio de 2011

Simples e natural

João arrumava sua mala. Cuidadosamente, escolhia cada peça que iria precisar nestes dois dias que se seguiriam. Ao fazer isto, contemplava a janela do seu quarto, observando como o sol parecia lhe sorrir. Parou momentaneamente de arrumar suas coisas. Respirou fundo, coçou a cabeça com sua mão direita e expirou. Não sabia há quanto tempo não prezava as coisas simples da vida e nem ao menos o quanto aquilo lhe era significante.

"Liberdade.". Era a única palavra que lhe vinha à mente. Não mais havia confusões, cobranças descabidas e propostas desmedidas. Não mais um furacão, uma torrente de sentimentos angustiantes inundavam-lhe a cada esquina, sempre em razão de se colocar passivo frente a uma pessoa com a qual se relacionava. Sem isto, tudo entrou nos eixos em sua vida. Pouco a pouco, foi-se reconstruindo emocional e profissionalmente. Sentia-se nutrido por tudo o que a sua força de vontade havia permitido que ele fizesse.

Tocou seu telefone. Era sua amada. Uma que compartilhava com ele sentimentos de divisão de pão - companheirismo - de um modo sincero e singelo. Trocaram palavras de afeto e acertaram algumas coisas. Desligou o telefone. Tudo parecia mais do que calmo. Mais do que bem. Coçou a barba e lembrou de como era bom ouvi-la chamando de "meu bem". Fazia com uma propriedade doce e com um sorriso nos lábios, enquanto rolava suas órbitas claras até o momento que a esclera desaparecia, tampada pelas pálbebras. Invariavelmente, recebia um beijo em sua face ou onde pudesse ser aplicado.

Fechou a mala. Sorriu. Poderia agora voltar-se para o mais simplório que a vida lhe oferecia; simplório no sentido da palavra. Simplesmente poder planejar um futuro. Poder amar. Poder ser correspondido. Poder almoçar. Poder jantar. Poder dormir juntos. Poder fazer amor. Poder cochilar. Poder falar bobagens. Poder amar de novo. Poder planejar não saber o caminho para se chegar na viagem. Poder se perder. Poder rir disso. Poder beijá-la. Poder se achar. Poder beijá-la de novo, brincando com sua língua de maneira exploratória dentro de sua boca. Cheirá-la. Observar seus trimiliques. Provocá-los.

Tudo isto estava em seu poder. Fazer tudo de uma maneira construtiva. Aprofundar o relacionamento e o conhecimento sobre ela. Poder conhecer a família dela. Poder apresentar sua própria família. Poder mostrar seus amigos. Poder conhecer os amigos dela. Ir a um casamento. Comemorar o aniversário de namoro. Namorar. Amar. Amar mais um pouco. Rir. Cochilar. Roncar. Empaturrar-se. Dormir. Amar mais. Amar ainda mais com uma certa desmedida - até que nem os músculos mais resistam. Acarinhá-la até que ela durma. Sentir-se o homem mais sortudo do mundo. Admirá-la.

Descobrir-se um homem melhor pelos olhos daquela mulher. Ser aceito. Aceitá-la. Conhecer e conviver com seus defeitos. Apreciar suas qualidades. O mesmo ser feito por ela. Não ter brigado. Saber que quando brigar será construtivo e sem farpas. Amar. Pensar nela enquanto escreve um texto para ela. Receber uma mensagem linda dela enquanto se escreve para ela. Mandar por e-mail antes que qualquer um veja - para priorizá-la. Poder mostrar-se sem medo para ela. Para o mundo. Compartilhar. Amar sempre.

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