segunda-feira, 30 de maio de 2011

Um amorzinho

Cansado. Era assim que Antônio se sentia. Cansado da viagem desgastante, do trabalho, de tudo... Seu final de semana havia sido para lá de agitado. Uma segunda-feira produtiva, pensava enquanto caminhava no frio da noite. Mexia, vez por outra, o ombro para tentar aliviar uma certa tensão no omoplata. Contudo, havia algo em sua face que não negava um fato a que estava se acostumando: ser feliz.


Alegrou-se ao lembrar de sua amada. Afagou-lhe a solidão o fato de que a lembrança dela iniciando um sorriso de canto de boca, levantando as covinha enquanto suas belas órbitas castanho-claro ia diminuindo com um certo dilatamento da pupila. Seu sorriso parecia um pequeno sol com tons de luar, pequenos asteroides presos em seus dentes. Tudo isto e o fato de que ela acariciava-lhe a coxa ao fazer isto dentro do carro já era o bastante.

Nem o frio que cortava-lhe o corpo, nem a noite vazia, sem ela... Nada disso era motivo para se aborrecer. Coçou o queixo e espreguiçou-se um pouco, enquanto ainda caminhava para casa. Esta era uma boa saudade, alguém que era bom ter faltando sabendo que era seu; melhor ainda ter por perto. Qualquer um ao avistá-lo na rua afirmaria que ele era um adolescente apaixonado. Era tal qual se sentia.

Tal qual provocava e era também provocado. Se havia algo que era inusitado em sua vida era que o que ele investia na relação também era investido por ela. Havia apoio e mútuo respeito. A felicidade da companhia, as conversar recheadas com senso de humor e a sexualidade que um sentia pelo outro – tudo isto, em tão exíguo tempo e tão bem dimensionado que até lhe causava espécie o fato de nenhum desentendimento ter ocorrido.

Quase conseguiu se preocupar naquele segundo. Deixou tudo de lado ao receber uma ligação de seu amor. Atendeu o celular e conversaram. Enquanto ele sentava em um tronco de árvore e ouvia o dia de sua amada com atenção, apoiava e reforçava seus comportamentos humanos. Indicava-lhe direções, sem ser áspero. Sua preocupação com ela e seu cuidado só aumentavam os sentimentos dela por ele.

Passaram bons e longos minutos ao telefone. Ainda não sabiam ao certo quando se encontrariam, mas isto tudo fazia parte do procedimento que o casal estava adotando. Tudo bom demais para ambos e a necessidade de harmonização sem pressão. A necessidade de se verem gerava a oportunidade de se encontrarem, seja em qual circunstância pudesse surgir: um passeio mais requintado, um jantar em um local caro... Ou, simplesmente, para estarem juntos. Como ele se sentia sortudo.

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