quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Das escolhas

Aderbaldo era um rapaz que sofria antecipadamente por tudo. Sua ansiedade quase não cabia dentro de si mesmo. Exagerado quando amava, era assim também que largava tudo: de uma maneira apaixonada. Este pathos, como os gregos diriam doença, fazia parte dele em todos os detalhes da sua vida - tanto na escolha de uma camisa, quanto na escolha de um projeto de vida.

Era temeroso em relação ao seu futuro. Quando não ao seu futuro pessoal por ter alguém ao seu lado, o era perante o seu futuro profissional. A sua vida era uma montanha russa sentimental, sempre levada por extremos. Doía-lhe o fato de ser assim. Por várias vezes tentou mudar, nunca tendo um sucesso do que se diria promissor. Algo passageiro sempre lhe tampava a vista e, com isto, deixava para mais tarde a resolução de seu problema maior - ele mesmo.

Fingia que não se ouvia, muitas vezes. Embora soubesse o caminho que devesse tomar, seu medo de prosseguir funcionava como um aprisionamento de elefante. Quando ele é pequeno, colocava-se uma corrente forte e ele nunca saía de lá. Com o tempo, deixava de tentar sair e aceitava a sua condição de miserabilidade. Aderbaldo contava que isto era a sua sensação de felicidade, um ato de conformar-se eternamente com algo que ele entendia como imutável.

Refletiu, conquanto, após um término de um belo enlace amoroso. Suas atitudes precipitaram isto e encontrava-se em período de reavaliação. Tinha decidido abraçar o seu conflito interno, baseado na premissa de que este seria o caminho para a sua reviravolta. Com esforço, aceitou-se mais um pouco. Entendia que não poderia ter tudo o que quisesse no momento que quisesse - isto seria tirânico demais com ele. Parou de gerar falsas expectativas em relação ao futuro. Baseava seus passos na firmeza do estudo para dias melhores profissionais.

Neste compasso, chegou a sua vida uma mulher para lá de objetiva. Ela, com o seu amor, ajudou-o cada vez mais a ser mais racional e objetivo - começara a lutar pela sua própria vida. Ele, por outro lado, ajudou-a a sonhar com dias melhores, a poder aspirar um verdadeiro amor. Em uma tarde, os dois completamente fadigados de tanto trabalharem, apreciaram carinhos amorosos na cama. Ambos não tinham disposição para mais nada e aceitaram este fato de compartilhar o que podiam dar um para o outro.

Aderblado sorriu neste momento. Lembrou que só estava ali por ter aceitado amá-la de um jeito despretencioso, mas que o havia feito capturar seu coração. Deixava-a dançar no relacionamento, evitando - por vezes - precipitações em relação ao futuro. Arneide, por sua vez, começava a liberar aos poucos esta aspiração por dias melhores, cogitando até mesmo um casamento e um fruto da "Dona Cegonha".

Ele a olhou nos olhos, envolvendo-a em seus braços, apenas curtindo aquele pequeno momento de eternidade que compartilhavam. Sentiram-se, os dois, felizardos por estarem ali e enfrentarem os contra-tempos do cotidiano. Ela contava suas histórias da infância e riam delas. Ela, após isto, disse que o amava e o beijo em sua boca. O gosto era o mesmo do primeiro encontro, um gosto de com sabor de quero mais. E foi assim que procedeu aquela tarde: com uma eterna pitada de quero mais.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Julianna

Julianna sentia-se diferente nesta manhã chuvosa, típica de um inverno carioca. Estava exausta após tanto trabalhar à noite. Realmente tinha sido um de seus piores plantões, mas mesmo assim, encontrava-se diferente. Embora o stress tenha sido tamanho, tendo que acordar duas vezes durante a madrugada, nada poderia estragar o seu humor. Até mesmo a eventual saída da dieta com uma pizza na noite anterior não a aborrecera; muito pelo contrário, o fato de empanzinar-se sempre vinha acompanhado do centro límbico reforçando positivamente aquele comportamento.

Como poderíamos definir a sensação desta mulher, no alto dos seus trinta e três anos de idade? Ela estava feliz. Feliz por estar trilhando um caminho bom para ela, feliz por conseguir estar desempenhando sua função profissional com maestria... Mas, principalmente, feliz por ter encontrado um amor. Nada daquilo do que ela conhecia, afinal nunca teve nenhum tipo romântico na sua vida ou sonhador; aprendera a nunca se abrir demais, justamente para evitar sofrer.

Só que este jovem rapaz aparecera na sua vida de maneira tão súbita e inesperada, quase como se estivesse arquitetado um plano divino. Eros e Cupido haviam feito uma deliciosa armadilha da qual ela não teria escapatória - até teria, mas não que ela quisesse muito. Este relacionamento estava trazendo à tona sentimentos dentro dela sempre desejados, mas nunca aflorados. Seu bom humor havia volta - uma culpa não exclusiva do sexo - mas pelo fato de se sentir desejada, mulher, uma fêmea sedutora e extramamente carinhosa para com o seu recém-chegado.

Era impressionante como ele havia mudado sua vida: em pouco mais de seis meses, ela se matriculara na academia, passara a fazer tratamento de estética; a vida estava mais colorida, mesmo no mais cinza dos dias. Absurdo, também, era como ela investia seu tempo pensando nele, conversando. Nas mais pequenas coisas, como saber qual seria o melhor cartão de crédito ou pedindo ajuda em algo trivial na informática - era uma inepta - tudo era algum motivo para que reforça-se o sentimento de estima pelo seu novo amor.

Amor... Pegou-se pensando no significado desta palavra. Era este o exato sentimento que estava tomando o seu ser. Resolveu, por incrível que possa parecer para alguém que tenta tampar a intuição com a racionalidade, deixar aquilo fluir. Descobriu-se feliz ao contar suas histórias da infância, desejosa por um contato físico com ele, mesmo que fosse visual, mesmo que fosse de longe - quando sentia o perfume que ele usava pelas ruas da cidade, um sentimento de acolhimento e de proteção subiam-lhe a cabeça, direto do coração.

Iria encontrá-lo hoje. Sabia exatamente isto, contava as horas, os minutos e até os pequenos segundos do dia para que tudo acabasse... Para que ela pudesse se acabar com ele, entregar-se ao seu amor. Pegou-se sorrindo de canto de boca, inclinando a cabeça para frente. Suspirou um pouco, até desejosa para que ele estivesse ali para poder saciar a sua fome por um beijo. Um beijo longo e demorado. "Calma" - pensou para si mesma - "já está chegando a hora." Controlou-se. Concentrou-se novamente no trabalho, não que, eventualmente, seus pensamentos migrassem para outro lugar.

sábado, 25 de setembro de 2010

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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

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Passional

Juanes era um tanto quanto passional. Deixava misturar suas inseguranças pessoais com um puro sentimento do amor. Fora assim durante a sua adolescência, melhorando um pouco mais na sua fase adulta. Aprendeu, com o tempo, a controlar a sua insegurança de um modo que pudesse direcioná-la como uma ferramenta para catapultar o seu relacionamento para frente. Apenas falava para si mesmo: "Deixe isto para lá que você vai ver o que acontece no final.".

Acertava, normalmente. Era romântico, fiel e interessado no seus relacionamentos. Estava solteiro fazia um tempo, quando encontrou uma mulher fascinante - Antonieta. Não só pelo sex appeal que exalava e inteligência, mas admirava-a acima de tudo por ser em várias áreas oposta a ele. Ele, passional, ela, racional. Ele, romantiquinho, ela, segura e contínua. Estranhou, a princípio, o fato dela dizer que o amava. Conflitou-se consigo mesmo e deixou eclodir a sua insegurança.

Houve uma desavença, ficaram algum tempo sem se falar. Após isto, resolveram conversar. Ele surpreendeu-se com o sofrimento e apreensão dela. Ela o amava demais, mas somente não demonstrava da maneira que ele achava que ela deveria. Ela, por sua vez, apaixonou-se pelo jeito dele diferente e alegre de ver a vida, tão diferente do seu sério. Ele contou suas inseguranças e medos, e ela, os dela. Tinham necessidades diversas, então como prosseguiriam juntos?

Veio, então, a luz para isto. Não é que fossem opostos; são complementares. Um admirava o outro pela inteligência, sex appeal, boa conversa, fidelidade e a parte libidinosa sexual. Riam-se várias vezes dos modos lindos que faziam amor e das maneiras inusitadas como isto acontecia. A base era boa para poder ser erigido o castelo do amor dos dois.

A partir dali, um passou a se comprometer a ouvir o outro de maneira a realmente prestar atenção somente no outro; inseguranças, relações pretéritas, stress do cotidiano... Quando isto aparecesse para tentar estragar o que tinham, o que percebesse acionará o sistema de emergência: ficar um com o outro, não importando o que ocorresse.

Partiam do acurado princípio de que o amor dos dois era muito gostoso e puro para deixarem coisas externas e medos atrapalharem. Um trabalho comum, que seria realizado a passo de formiga. Firme e forte, prosseguiram em relação ao futuro. Algo incrível aconteceu: a libido era maior ainda, o afago mais profundo e as conversas mais libertadoras e sinceras do que antes (se é que fosse possível). Após alguns meses deste procedimento, casaram-se e tiveram dois rebentos. Duas pestinhas meninas adoráveis que permearam ainda mais a vida deste casal com a felicidade.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Aranella

Aranella era uma lesminha muito esforçada. Trabalhava para sustentar os seus pais na Floresta Encanta Mágica. Ela dava muito duro para poder ter sempre uma boa estrutura para quem a havia criado com tanto amor. Seu nome era trabalho. Sempre fechada, no seu próprio mundo, raramente se dava a oportunidade de se divertir. Buscava, no seu dia-a-dia, o suporte de felicidade através do labor.

Certo dia, porém, encontrou uma Joaninha pequena, espevitada e divertida. Falava pelos cotovelos. Era, contudo, uma Joaninha bem invocada: era uma Joaninha macho, de nome Arthur. Sempre se enfezava quando o confundiam com uma fêmea. Era divertido e curioso os ver juntos: enquanto ela trabalhava, ele conversava com ela e, por vezes, até almoçavam juntos. Com isto, pouco a pouco, tornaram-se grandes amigos.

Um dia, porém, houve algo terrível na vida de Aranella. Ela passou a ser mais fechada e sisuda do que antes. Tudo isto deixava Arthur preocupado: achava que poderia resolver todos os problemas do mundo. Decepcionou-se momentaneamente ao ser posto de lado da vida daquela bela lesminha. Ele, no entanto, não iria se deixar abater - já havia cultivado uma enorme afeição por ela, assim como ela por ele. Não poderia deixar que algo que não soubesse interferisse na vida deles.

O que ele faria? Demonstraria que se importa com ela ao extremo. No dia seguinte, a porta de Aranella havia amanhecido com pétalas de gérbera, como se fizesse um lindo tapete para uma direção. Ela, curiosa como de costume, dirigiu-se até um pequeno toco de árvore. Sentou-se ao que parecia ser uma cadeira. Observou a mesa bem decorada e estilizada: as pétalas eram harmoniosamente arrumadas, compondo um lindo visual.

Ao passo seguinte, Arthur veio com o café-da-manhã: tinha produzido belos crepes de creme, com calda de cacau e morangos silvestres recém-colhidos. Apenas serviu e comeu. Conversaram horas sobre amenidades, até tendo atrasado um pouco a lesminha para o seu trabalho. Ao apressar-se para lá, Arthur a impediu. Disse que já havia cumprido toda a tarefa dela na noite anterior e que havia até mesmo acumulado um excesso para o dia seguinte, já que o dia seria de diversão.

Ele a levou para passear. Foram a uma peça de teatro do grupo das minhocas sem patas. Riram-se de muitas coisas. Passaream pelo shopping, tendo ele comprado um lindo arranjo de cabelo para ela. Ela brigou com ele para pagar; ele negou-se a receber, dizendo que era uma forma de acarinhá-la. Ela enrusbesceu-se e apenas cedeu a este pequeno desejo. Arthur ficou radiante de felicidade e a levou para jantar.

Após a refeição apetitosa, passearam sob a luz do luar. Ali, Arthur tocou em seu rosto e lhe disse o que sempre sentiu por ela:

"Que eu a amo desde o primeiro dia que a havia te visto. Que a tenho como meu fogo pela vida e que ela o incetivava a ser um inseto melhor. E o mais importante, minha linda - sempre vou estar aqui para você, mesmo que não fale. Sempre vou ter a paciência para aguardar você se abrir, caso queira fazê-lo comigo.

Caso não, apenas vou abraçar você e lhe dar suporte. Quero cuidar de você e embalar os seus sonhos. Quero velar pelo seu sono. Sei que não posso resolver tudo, sei que por vezes insisto demais nisto... Mas é a minha forma de demonstrar o quanto amo você. Venha comigo, venha... E seremos sempre eternamente felizes. Um ao outro; um pelo outro. Apenas espero que aceite o meu jeito meio doido de ser e minhas idéias mais doidas ainda... Mas são doidas porque nem sei como entender o amor que sinto por você. Apenas decidi aceitar a te amar, sem nada querer racionalizar."

Ela, sorriu daquela declaração. Jamais havia escutado algo tão bonito e delicado em toda a sua vida. Ela passou suas antenas em sua mão. Ele, então, beijou-a, de um modo gentil e delicado. E amaram-se.

sábado, 18 de setembro de 2010

Amo-te

Amo-te. Não só pelas tuas qualidade que são incomensuráveis, mas pelas tuas vicissitudes que a tornam maravilhosamente humana. É como se pegássemos um projeto de Deus e acrescentamos a tentação do Demônio e torna-te, assim, mulher. Anjo és quando sublima a minha dor com teus afagos maternos e olhos ternos; Súcubus, quando arrasta-me para lugares tão recônditos e inóspitos dentro de mim que nem eu sabia que eles existiam.

Amo-te. Não só pela mão amiga que acalenta, mas pelo teu beijo de mulher insidioso, a tua língua tocando a minha, enlaçando-a; convida-a para dançar um ritual pagão dentro da minha boca, da tua boca - até que percamos a noção do que é meu e do que é teu, em um ritmo tão alucinado e tão pecaminoso que a fricção dos corpos, dos fluidos e do prazer faz com que queiramos fundir nossos corpos em um só, em um frenesi incontrolável que só pode acabar com um urro cortando o ar, arrepiando a pele e somente aumentando a sede por mais.

Amo-te. Não só porque me mostras o teu passado de criança, onde posso ver todas as tuas purezas e anseios por algo melhor para ti; poderia ser somente pelo presente, que é onde eu a tenho em minhas mãos. Não... Amo-te principalmente pelo futuro que rogo para que seja nosso, para que sejas minha companheira. Para que possamos ter filhos juntos, comemorarmos nossos aniversários, brigarmos por causa de algo e nos reconciliarmos com a mesma paixão adolescente pela qual nossos olhares nos seduziram da primeira vez.

Amo-te. Pelo ardor que tem por minh´alma; tua admiração por mim é algo que não posso conceber. Sou um mero homem que desejo amar uma mulher. E, mesmo assim, tu me ofereces tudo aquilo que eu não sei se sou merecedor. Creio que preciso ser melhor do que isto, esta casca feia e este interior cheio de falhas... E, no entanto, oferece-me a luz pela qual eu posso me guiar. Tu me chamas de porto seguro, mas somos um do outro ao mesmo tempo em que nos apoiamos.

Amo-te. Não sei se meu insípido vocabulário poderia exaltar a paixão que tenho por ti, a entrega que reunimos em nós. Difícil crer em algo que pudesse justificar a nossa troca, a nossa conexão quase que espiritual que temos um pelo outro. Agradeço ao Destino a cada pequeno micro-segundo por ter-me apresentado a ti. Sei, ao menos, como poderia resumir tudo o que sinto por ti: Amo-te.

Das pedras

Ícaro estava feliz - e este sentimento vinha da sua recém-descoberta. Não precisou voar até perto do sol, sabia que se chegasse perto demais, iria cair como a figura clássica da história. Resolveu, ao seu modo, procurar fazer pequenas transformações em si mesmo. Seriam poucas, porém boas mudanças, como cada passo de formiga - com um curto avançar, mas firme.

Sua decisão passou pelo fato de querer ser um farol para nortear a si mesmo no mar revolto que havia se tornado seu coração. Balançava como uma nau perdida, fazendo com que os relacionamentos anteriores que havia obtido naufragassem no mar da sua insegurança. Não que ele não fosse um pouco inseguro - só não iria deixar com que isto atrapalhasse a sua navegação.

Nesta nova fase, com uma nova mulher, estava implementando ser firme no seu procedimento. Não um cabeça-dura sem sentido que somente estabelecia limites para mostrar que podia - isto sempre causa mais dor e frustração em ambas as partes. Iria agir da seguinte forma: deixaria claro como um dia de verão que quer a pessoa do seu lado e que está disposto a pagar o preço. A contra-partida deveria ser dela, agora. Ela deveria observar o que precisaria fazer e se estaria disposta a ir com ele nesta estrada.

Pequenas demonstrações de afeto - coisas simples do cotidiano - encantaram-na. Algo como um "eu te amo", dormir junto a ela na noite em que obtivera um pesadelo, amá-la de uma maneira despuradora, rir de suas piadas, do seu jeito de assistir televisão tal qual um infante... Com tudo isto, estava aplainando a estrada para inserir o asfalto. Cabia a ela, conquanto, decidir junto a ele como isto seria feito. Estavam fazendo os dois a passo de formiga.

Ela, ainda ressentida com um rompimento de um relacionamento duradouro - porém infeliz; ele já resignado que o que tinha de duradouro esvaiu-se ralo abaixo e, agradecido, estava limpando tudo o que havia sobrado de mágoa. Não seria fácil, o que não quer dizer que não estava sendo feito. Ela pedia para parar de ansiar pelo futuro, quando ela própria estimulava-o a fazer isto. Sabiamente, ele optou por estaquear estes pontos para firmá-los. Ela, embora contrariada externamente, admirava a capacidade de Ícaro ao poder servir de seu porto seguro.

Não sabiam quanto tempo iria levar esta fase de planejamento, mas divertem-se com ela. A cada novo passo, a cada nova pequena conquista torna a vida dos dois mais leve, adicionando-se uma fé no futuro com uma pitada de uma paixão de adolescente, um ar de maturidade e uma designação firme rumo a um aprofundamento ainda maior da relação - de quando um seria do outro, por tempo indeterminado - até que o amor sempre os unisse, a cada dia de suas vidas.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Amar...

É estar presente para o outro, mesmo quando distante. Quando amamos, estamos presentes no coração e no pensamento do outro.

É tentar acertar, mesmo quando se erra. É querer dividir algo com a pessoa, mesmo que seja o que é mais sombrio em nós. Ao amar, o outro ilumina estes lugares recôndidos com amor.

É querer que o outro melhore. Não como nós gostaríamos, mas como o outro pode. É ajudá-lo neste processo, por mais que doa em nós; o fato de doer não significa ser ruim, significa libertar de preconceitos estabelecidos por nós mesmos.

É romper limites, mesmo que sejam pequenos. Ao ser pequeno, não é que seja menos significativo; o fato de ligar para o outro, de mostrar ao outro um simples local de trabalho... Isto tudo mostra um passo a mais em direção a um rumo bom.

É se apaixonar todos os dias por aquela pessoa.

É se irritar por aquela pessoa não fazer o que nós queremos.

É perdoar aquela pessoa por isto.

É pedir para ser perdoado quando erra.

É amar mais ainda aquela pessoa depois deste processo.

É querer amar o outro pelo que ele é.

É ser redundante ao escrever sobre o amor.

É compartilhar a alegria do riso de nossa infância.

É sermos mais nós mesmos pela liberdade, compreensão e amor do outro.

É ter tolerância.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Metade...

Marcel tinha uma bela meia noiva, a qual estava meio grávida. Ele vivia fascinado pelo talvez filho que tivessem. Ele sempre fora um sonhador, gostava de apostar em idéias absurdas e loucas: quanto mais difícil fosse a execução, mais atraente lhe parecia. Certa feita, comprou sementes de pêssego para poder ter deliciosos cocos. Ele dizia que "quanto mais impossível parecesse, mas perto do sonho seria e mais perto do ideal de realizar ficaria.".

Marcel, então, teve que enfrentar a realidade. Sua bela meia noiva foi embora por inteiro, levando o seu não-filho com ela. Seu pessegueiro nem dava pêssegos e nem cocos; ele o havia plantado em terras estéreis. Desolado, entrou em seu quarto de sua meia casa (não era dele, e sim dos pais) e se dirigiu a sua parte da casa, um pequeno quarto nos fundos. No escuro, chorou todas as suas perdas. Tudo o que havia acontecido era por opção dele, mas mesmo assim ele não entendia como tudo podia doer tanto.

Nosso herói, aos poucos, percebeu que sua permissividade era maior do que sua vontade de vencer. Observava que certos gestos e atitudes que tomava faziam com que ele não conseguisse manter o que desejava. Ao invés de impor limites para sua ex-noiva, ele deixava o barco correr solto. Ela era como uma nau a deriva no mar e ele sempre procurava colocar panos quentes. Até o momento que a sua gastrite abriu uma pequena crise e ele sabia o que tinha que fazer.

Porém, antes dele conseguir pedir para que ela se afastasse, ela foi embora. Nunca mais teve notícias dela: cartas, sms, telefonemas, e-mails, páginas virtuais... Nada. Era como se ela tivesse sumido de sua vida como um sonho bom, que acordamos de manhã com o barulho do despertador, odiando-o por nos ter roubado algo tão precioso quanto uma beleza daquelas. Assim, ele iria prosseguir sua vida, pequeno, como ele achava que era.

No escuro de seu quarto, teve uma pequena revelação. Sua meia-noiva havia ido embora por não querer ficar com ele. Racionalmente, ele conseguia entender. Só não conseguia deixar que ela fosse embora de seu coração. Não sabia como fazer isto, como deixar aquela mulher que o apoiara em momentos difíceis e o amado tão torridamente fosse embora. Como poderia colocar tudo aquilo em um quadro e pendurá-lo no hall de seus relacionamentos pretéritos?

Sentia-se só. Como se o mundo inteiro fosse maior do que seu coração pudesse suportar, maior do que seus passos pudessem correr por ele. Cada minuto passava mais demorado e doloroso do que quando esperava por ela chegar. Ele sabia que aquela era a dor por nunca mais tê-la. Sabia que teria que exercer um esfroço hercúleo para tal. Ele teria que deixar que ela fosse embora e se tornasse apenas uma lembrança - algo que nunca mais poderia ser realidade.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Dos fatos...

Por vezes, queremos muito alguma coisa. Visualizamos um ponto futuro e vamos de encontro a ele. Chama-se objetivo. Temos vários tipos de objetivos na vida: pequeno, médio e longo prazo; todos eles conjugados com urgência ou não. Paralisamos justamente frente àqueles em que a recompensa é maior do que o esperado. Por que vacilamos, então?

Simplesmente porque quanto maior a recompensa, maior é o medo de perder. Arriscar sempre nos traz uma sensação de desconforto, mesmo que o nosso cotidiano seja enfadonho. Quando almejamos algo diferente do que vivemos, temos que usar todas as ferramentas possíveis para construir a nossa nova casa. Isto chama-se concretizar um objetivo.

O grande problema reside aí: quando postergamos demais esta construção, é igual a quando vira-se uma lage. Ou se faz de um modo contínuo ou o processo precisa recomeçar do ponto zero. Quantas vezes recomeçamos deste ponto? Há outra questão a ser levantada - chega uma hora em que o ponto zero vira ponto menos um. Ao demorarmos a tomar uma atitude, principalmente na área afetiva, desgastamos a relação.

Este desgaste chega a um ponto de ser irreversível: por mais que haja amor entre o casal, não se pode desconsiderar as promessas rompidas. Palavras são acordos entre as partes, ações são a realização e a materialização do compromisso e das juras de amor. Sem ação, as palavras são semeadas ao vento, jogadas a própria sorte e podem nunca ter sido alguma coisa.

Daí vem a necessidade por realizar, de se fazer algo da maneira prometida. Nossas palavras têm poder, devendo ser utilizadas com o máximo de cuidado. Ao fazermos um contrato, por menor que seja ou por mais informal que pareça, há parâmetros estabelecidos que têm que ser respeitados. Quando há um desrespeito de uma parte em uma cláusula, desobriga a outra a cumprir a sua parte. Manter a palavra é fundamental em um relacionamento amoroso. Ao nos deixarmos dominar pelas paixões, estas só se manterão no trilho diante de um condutor firme, que possa orientá-las em todas as direções e possíveis cisões.

Para tanto, haverá sempre testes. Nestas encruzilhadas, há dois caminhos: não-fazer e ao fazer. O primeiro deles é aplicado por quase todos, é a manutenção do mesmo caminho. Podemos aceitar que não vamos mudar, que não iremos buscar a felicidade - fazendo disto uma mentira tão eficaz que é possível cairmos na armadilha de aceitarmos. Está tudo certo se convivermos com este fato, desde que não queiramos algo melhor para as nossas vidas. Não deveremos, então, desejar nada fora do cotidiano.

Para os que querem, o caminho é longo e tortuoso. Haverá dor. Dor é diferente de sofrimento. Quando decidimos enfrentar nossos medos para buscar algo que nos é de direito, devemos abrir nossas asas rumo ao desconhecido e ter fé. Fé no sentido de não se poder quantificar o que ganharemos e sim de que a nossa jornada vale mais do que o prêmio - que é mantido a cada dia com o nosso mais belo e irrepreensível amor.

Certa vez li que o amor é justamente algo que nos faz querer sermos melhores do que nós mesmos, ultrapassar nossa barreiras auto-impostas. Ao amarmos de verdade, abrimos lugares inóspitos até para nós mesmos, para que o outro possa ver poesia e música lá. Abrimos nossa alma para que o outro a decore com amor e que nós possamos a cada dia retribuir isto. Amar é, em síntese, arriscar. Arriscar não ser aceitar, arriscar não dar certo, arriscar que tudo vá por água abaixo. Mas... E se não for? Aceitaremos o "fardo" de sermos felizes?

domingo, 5 de setembro de 2010

Saber viver

Augusto era um extraordinário advogado. Possuía uma virtuose para a área de família, conhecendo todos os meandros da lei. Seu discurso, sempre eloquente e com enfâse humana sobre o assunto, arrebatava os juízes até mais do que suas petições, sempre perfeitamente fundamentadas. Sentia-se vivo no tribunal e no escritório. O único lugar em que não se sentia assim, por mais paradoxal que fosse, era na sua própria residência.

Era casado há cinco anos com Joyce, uma enfermeira. Conheceu-a através de sua irmã, também formada na área. Depois de algumas saídas, enamoraram-se. Não que fosse algo quente e tórrido; era morno. Augusto, fã de literatura e um ator frustrado, sabia que toda aquela sofreguidão romântica e aquele sentimento de amor pregado ali era meramente imaginativo; pragmaticamente, aquilo nunca poderia dar certo. Uma pessoa que povoa o seu pensamento durante tanto tempo apropriasse indevidamente uma parte da vida.

Casaram depois de três anos de namoro. Foi uma cerimônia simples, sem Igreja. Joyce preferiu assim. O primeiro ano de casamento até foi bom, mas o resto foi meramente ladeira abaixo. O que já era morno passou a ser somente frio. Os poucos lugares onde havia temperatura eram nas horas das brigas, em que ele pedia reconhecimento por tudo o que fazia pelo casal e ela friamente respondia que não era mais do que obrigação dele dar-lhe afeto. E que se quisesse algo a mais, procurasse outra.

Tendo sido criado por uma religião rígida, Augusto nunca admitia esta hipótese. Engolia sempre a seco e buscava uma maneira de tentar agradá-la. Porém, com o tempo, até isto foi a míngua. Ele, resignado, admitiu que era possível viver infeliz. Fez tanto isto da sua vida que, em quatro anos, até acreditou nesta possibilidade. O mundo lhe parecia cinza, havia deixado de ler. Seus discursos perdiam o vigor, mas a sua técnica e fama ainda o faziam um espetacular praticante do direito.

Até que, certo dia, pouco depois de seu aniversário de trinta e cinco anos, Sophia apareceu na sua vida. Ela era uma estagiária, recomendada pela faculdade na qual havia se formado. Já àquela época, era uma lenda dentre os estudantes. Seus ecos chegaram até os ouvidos daquela jovem de vinte anos. Na entrevista, Augusto percebeu uma tatuagem e perguntou de onde era. Ela, meio que dando de ombros, falou que também fazia teatro nas horas vagas.

Depois de algumas semanas, houve uma ocasião bem singular. Ao passar pela sala da jovem, observou-a chorando. Como era perto da hora do almoço, resolveu-a convidar para tal e aproveitaria para entender o que se passava na vida daquela jovem. Ela relutou, mas apreciou o convite. Conversaram durante bastante tempo sobre o namorado dela, que não reconhecia o esforço empregado por ela para um futuro melhor. Tal foi a intimidade adquirida pelos dois, que Augusto interveio diferente. Não foi no sentido de colocar falsos panos quentes, como até fazia com os clientes em primeiro momento. Ele simplesmente disse para ela:

-"Temos que ter pessoas do nosso lado que nos dêem segurança e nos apóiem em nossas empreitadas. Nada pior do que algo morno e que nem isto tenha.".

Ela ficou chocada. Ele pediu desculpas e relatou também o que passava. Ao final, um clima denso se formou. Sofia, contudo, rapidamente agiu falando sobre peças de teatro. Augusto emendou o assunto e toda aquela aura cinza dispersou-se. Estranhamente, Augusto relembrava aquela conversa o dia inteiro. O entusiasmo daquela jovem, o brilho em seus olhos, seu sorriso pontual e na hora certa, o seu cheiro... E que cheiro! Tinha a eterna sensação de que ela possuía um aroma de flores do campo.

Chegando a casa, naquele dia, olhou para Joyce. Queria sentir aquilo que sentiu por aquela jovem naquele dia. Queria sentir um calor, um amor gostoso depois da longa e dura jornada que tinha sofrido durante todo o dia. Adentrou a sala sorrindo e ela nem lhe deu bola. Apenas fingia que concordava quando ele falava dos ocorridos. Esticou o braço para ele e falou que não queria jantar, mas que tirasse algo da geladeira que a empregada tinha feito. Depois de alguns minutos, ela reclamou de tudo: da empregada, daquela casa, do modo como ele arrumava as coisas, da ligação da mãe dele preocupada com Joyce (ele havia fraturado o ante-braço e estava de licença); Augusto encolhia-se no sofá, sentindo-se acuado e cada vez menor dentro do que deveria ser seu refúgio. Foi dormir.

No dia seguinte, percebeu algo diferente quando acordou para o trabalho. O fato de Joyce ter-lhe negado sexo não o aborreceu. Sentiu-se até aliviado, como se o tivessem o livrado de uma obrigação. Tomou seu banho e arrumou-se cuidadosamente, até mais do que o habitual. Fazia questão de usar terno de dois botões, com gravata combinando com um lenço, abotuaduras e uma camisa listrada com punhos e gola branca. Achava-se charmoso assim. Colocou seu perfume, um amadeirado e seu relógio.

Ao chegar ao escritório, adiantou algumas coisas e foi ao tribunal. Levou Sophia consigo para ela ver como é estar em um. Em seus discursos, notava que ela a observava com admiração, quase um louvor. Isto apenas aumentava o seu combustível, sentia-se vivo de novo. Como poderia apenas um olhar, uma presença, uma lembrança torná-lo mais e melhor do que ele já era? Não quis questionar este fato, apenas resolveu apreciar aquele momento.

Apreciou, na verdade, vários momentos que se seguiram. Seus almoços com Sophia se tornavam constantes, sempre mais dedicados em suas conversas. Ela já havia se separado do "traste" como ela o chamava. Ele, por sua vez, admirava a coragem dela para tanto. Em um destes almoços, sua mão esbarrou delicadamente na dele, na tentativa de alcançar o sal. Ele olhou para a mão dela e em seus olhos. Sentiram, os dois, o mundo parar. Era como se fossem o centro do universo. Ele tocou em sua mão com a da direita, segurando-a gentilmente e carinhosamente. O que aconteceu ali não poderia ser descrito na mais bela canção. Haviam se enamorado.

Algo tenro, gentil e quente. Algo que acalentava um coração velho e sem esperança de amor e um de uma jovem, uma pulsão de vida. Pareciam que se conheciam há uma eternidade e que tinham sido criados um para o outro. Augusto, quebrando o clima, pigarreou. Aquela situação o assustara. Apenas comeram e foram embora. Naquele dia, chegando a casa, Augusto não sabia o que fazer. Queria de alguma forma compensar sua mulher e a chamou para sair. Ela aceitou. Não se divertiu nada, nem um pingo. Parecia que o pouco que tinham um pelo outro havia acabado.

Ele não conseguiu dormir. De manhã cedo, pediu para conversarem. Falou de suas necessidades de afeto, de carinho de algo vivo; ela, com desdém, apenas falou para ele que se não estivesse satisfeito, que fosse embora da casa dela. Eles haviam comprado a casa juntos. Ia se resignar de novo, quando lembrou de tudo o que havia feito por eles, de todos os sacrifícios em nome do casal. Ele sempre a amava tanto, acalentava-lhe e estimulava-lhe a vencer na vida, e tudo o que tinha em troca era um vazio. Não queria mais estar obrigado naquilo. Desta vez, ele iria fazer algo para mudar o seu destino.

Era um sábado, disto ele nunca vai esquecer. Fez uma parte da sua mala sob os protestos dela; gritos, xingamentos, confusões. Tudo era confuso, como se ele tivesse entrado em uma colméia, mas nenhuma das abelhas o tocassem. Ele já não mais sentia nada por aquela mulher, nem desejo. Era um mero sentimento de costume. Um amor acostumado, adptado, remendado ao cotidiano e a uma exigência mínima de afeto. Não mais serviria aquilo para ele. Decidiu, então, ser feliz.

Não com pouco custo; houve processos, brigas, até alguns barracos protagonizados por sua ex-mulher. Tudo isto, porém, ficou mais leve e mais tranquilo. Não se importou tanto com sua redução patrimonial, mas sim com o que podia ver além. E um conhecimento grato que Deus havia enviado para ele - Sophia. Ela era tudo o que ele havia sonhado, um amor tórrido e despudorado. Mas, acima de tudo, uma verdadeira companheira.

Após isto tudo, a maré havia abaixado. Alguns meses se passaram na calmaria, quando Augusto resolve ter uma conversa séria com Sophia. Após a sua formatura e apresentação, eles resolveram começar sobre o rumo que aquele relacionamento estava tomando. A tez dele ficou séria e ela não entendia o porquê. Ele sacou de seu bolso um anel e a pediu em casamento, de joelhos, junto com um buquê de gérberas. Ela aceitou, emocionada. Casaram-se sob as bençãos do pastor da Igreja de ambos.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Decisão

Edilson andava sorumbático. Não era mais o mesmo desde o ocorrido naquele verão. Havia se apaixonado por uma linda mulher. Tinha dela tudo o que poderia se querer de alguém, e mais além do que poderia imaginar. Isto, contudo, não teve um final feliz como nas comédias românticas ou filmes. Ele, permissivo em suas relações, deixava-se utilizar como, por vezes, um objeto do desejo da outra parte. Ao menos, ele julgava-se assim.

Quando houve o primeiro rompimento, sofreu. Chorava como um bezerro desmamado. Atormentado pelo fantasma da solidão, resolveu ceder terreno para que ela tomasse mais conta do relacionamento do que ele próprio. Achava que, desta maneira, poderia mantê-la ao seu lado. Ledo e grave engano. Nem seu romantismo, nem seu se importar e nem o seu companheirismo heróico, típico dos protagonistas de romances do século XVIII, nada disso conseguiu mantê-la ao seu lado.

Passava, agora, por esta crise. Será que esta mulher era apenas uma estrela cadente em sua vida? Teria passado com tal velocidade que nem ao menos ele poderia aproveitar de novo? Este, na verdade, era o seu sofrimento: ao invés de apreciar os bons momentos, sofria pela falta dos que nunca viriam. Sonhava em como seria estar casado com ela, ter filhos, reclamar das coisas que ela comprava - embora feliz por poder pagar por todas elas.

Chegou, então, a uma típica sinuca de bico: ou arriscava tudo ou ficaria naquela situação para sempre. Resolveu, então, tomar coragem - lógico que em doses homeopáticas. Nem de longe ele se imaginava tomando aquela atitude que tomaria, mas não via mais jeito. O postergar de sua atitude resolutiva o tinha colocado naquela situação e somente cabia a ele escavar a cova emocional que ele própria havia feito e enterrado-se nela.

Pensou, averiguou. Não é que ele não soubesse o que estaria por vir com sua atitude, ele sabia. Era um bom observador da natureza humana e profundamente ligado a entender as reações da psiquê - menos a psiquê de Madalena, que sempre o surpreendia. Ainda nos próprios labirintos de sua mente, tomou descobriu como fazer e quando. Resolveu esperar mais algum tempo, mas sabia exatamente a trilha que deveria percorrer.

Seria árdua. Iria, como um bom jogador de pôquer, usar de todas as ferramentas para ganhar o grande campeonato. Encarando desta maneira, pensava ele, poderia trazer a tona uma resolução plausível e razoável para aquilo que ele chamava de relacionamento. Não mais sabia como ela chamava, nem ao menos sabia o que ela sentia ainda por ele. Sabia, contudo, de uma coisa: não daria mais nenhum passo para trás, seguiria adiante. Sempre. Isto, ao menos, o consolaria; saber que estava tomando uma atitude condizente com a sua matéria primitiva, aquilo que o constituía enquanto ser humano.
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