Alegrou-se ao lembrar de sua amada. Afagou-lhe a solidão o fato de que a lembrança dela iniciando um sorriso de canto de boca, levantando as covinha enquanto suas belas órbitas castanho-claro ia diminuindo com um certo dilatamento da pupila. Seu sorriso parecia um pequeno sol com tons de luar, pequenos asteroides presos em seus dentes. Tudo isto e o fato de que ela acariciava-lhe a coxa ao fazer isto dentro do carro já era o bastante.
Nem o frio que cortava-lhe o corpo, nem a noite vazia, sem ela... Nada disso era motivo para se aborrecer. Coçou o queixo e espreguiçou-se um pouco, enquanto ainda caminhava para casa. Esta era uma boa saudade, alguém que era bom ter faltando sabendo que era seu; melhor ainda ter por perto. Qualquer um ao avistá-lo na rua afirmaria que ele era um adolescente apaixonado. Era tal qual se sentia.
Tal qual provocava e era também provocado. Se havia algo que era inusitado em sua vida era que o que ele investia na relação também era investido por ela. Havia apoio e mútuo respeito. A felicidade da companhia, as conversar recheadas com senso de humor e a sexualidade que um sentia pelo outro – tudo isto, em tão exíguo tempo e tão bem dimensionado que até lhe causava espécie o fato de nenhum desentendimento ter ocorrido.
Quase conseguiu se preocupar naquele segundo. Deixou tudo de lado ao receber uma ligação de seu amor. Atendeu o celular e conversaram. Enquanto ele sentava em um tronco de árvore e ouvia o dia de sua amada com atenção, apoiava e reforçava seus comportamentos humanos. Indicava-lhe direções, sem ser áspero. Sua preocupação com ela e seu cuidado só aumentavam os sentimentos dela por ele.
Passaram bons e longos minutos ao telefone. Ainda não sabiam ao certo quando se encontrariam, mas isto tudo fazia parte do procedimento que o casal estava adotando. Tudo bom demais para ambos e a necessidade de harmonização sem pressão. A necessidade de se verem gerava a oportunidade de se encontrarem, seja em qual circunstância pudesse surgir: um passeio mais requintado, um jantar em um local caro... Ou, simplesmente, para estarem juntos. Como ele se sentia sortudo.
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