quarta-feira, 16 de junho de 2010

Nélio e um dia de trabalho...

Nélio era um proeminente advogado. Trabalhava em uma notória firma de direito tributário. Era noivo de Emanuella, uma médica dois anos mais velha do que ele. Eles tinham um bom relacionamento. Ele, um típico canceriano, gostava da paz que um bom relacionamento trazia. Ela, capricorniana, tinha aquela necessidade grande de trabalhar para poder não dar relevância aos seus problemas pessoais. Não que ela fosse uma pessoa ruim, longe disto. Apenas era ansiosa, como ele também.


Em uma quarta-feira, Nélio chegou ao trabalho um tanto quanto desconfiado. Notava que seu superior, que era um grande amigo, pouco trocava palavras com ele após uma avaliação 360 que tinha sido realizada duas semanas antes. Aquilo poderia ser um indicativo de que poderia haver algo de podre no reino da Dinamarca, mas ele pouco se importava com aquilo e continuava a realizar o seu trabalho.

Por volta das dez horas da manhã, recebeu um telefonema do departamento de Recursos Humanos para que lá comparecesse. Gelou. Tinha medo de que fosse demitido, várias e várias coisas lhe percorreram a cabeça. Ajeitou o nó da gravata em uma tentativa de que aquilo fosse lhe dar o centro necessário para prosseguir. Caminhou, até lá, de uma maneira a tentar acalmar-se. Parou em frente a porta e a abriu.

Observou que o superior do departamento no qual trabalhava estava lá junto com o diretor dos Recursos Humanos. Jamil, o superior, lhe dera os parabéns. Ele seria ali promovido para uma outra área como chefe do setor. Nélio, por sua vez, soltou um suspiro aliviado e cumprimentou os dois chefes. Ele voltou para sua mesa muito feliz. Ligou para uma floricultura e mandou entregar um belo buquê de lírios para sua amada.

Após voltar do almoço, não tinha recebido nenhuma ligação de Manu. Resolveu ligar para ela. Emanuella estava com uma voz atravessada, para lá de mal humorada. Ao passo que Nélio perguntou o porquê, ela disse que iria sair de um dos plantões que ela fazia e que ela estava preocupada com a situação financeira. Nélio falou para ela que seria bom, mas ela o cortou no meio do caminho. Falou que estava chateada com várias coisas e nem o ouviu. Nélio recolheu-se e falou que iria ligar para ela mais tarde. Não havia dado tempo de dar a sua boa notícia.

Nélio tentou esquecer aquela pequena desavença e voltou a trabalhar; estava preparando seu último relatório para que fosse cumprido o prazo de até as seis horas daquele mesmo dia. Pediu auxílio da sua estagiária, que sempre flertou com ela. Ela parecia muito mais amável naquele dia. Ele sempre a cortara, não deixando que ela pudesse ter qualquer tipo de esperança. Naquela hora, porém, ele até aceitou o flerte momentâneo.

Trocaram algumas palavras com algumas segundas intenções, mas nada que fosse além de pequenas coisas. Ao pedir para que ela fosse pegar alguns livros e faturas, ele colocou sua mão direita sobre a mesa e observou a sua aliança. Brincou no dedo com ela, girando-a. Lembrou-se de quando a deu para Emanuella, em uma cantina italiana que eles sempre gostaram, ao som de um belo violino.

Nesta hora, seu celular tocou. Observou que era Manu. Respirou fundo, preparando-se para uma conversa que não seria frutífera. Ao atender, notou que a voz dela estava pequena do outro lado, como se sentisse acuada. Ela pediu desculpas pelo jeito que o havia tratado, agradeceu imensamente as flores. Ele, enfim, contou as suas novidades. Ela chorou, um pouco. Deu um pequeno soluço e disse para ele que sentia muito. Após isto, ele apenas pediu para que ele resolvesse as suas coisas.

Ela tomou um susto. Perguntou como ela poderia resolver suas coisas. Ele, sorrindo largamente, falou que ela devia enfrentar seus problemas e nunca deixar as coisas para a última hora. Falou que os dois eram ansiosos e deviam sempre procurar planejar e resolver, nunca postergar. Era um hábito deles, mas que ele fazia para ela as resoluções porque achava necessário.

Falou que de agora em diante, iriam dividir esta responsabilidade; que a amava e que a iria esperar em casa com um bom vinho. Lembrou que iria ajudá-la neste caminho e que também precisaria da ajuda dela, para sempre poderem andar de mãos dadas rumo a um belo futuro. Ela sorriu, agradeceu novamente o carinho que ele tinha para com ela e também lhe prometeu uma boa surpresa. Ao desligar, Nélio também sorriu e percebeu que tinha tudo o que precisava para ser feliz com Emanuella.

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