quinta-feira, 1 de julho de 2010

Akino e Bee

Akio era um pequeno goblin. Era verde, tinha olhos negros e sua baixa estatura, vez por outra, o fazia motivo de chacota por outras criaturas daquela pequena floresta. Ele era um goblin de bom coração: gostava da natureza e preservava suas boas amizades. Gostava de cativar as outras pequenas criaturas mágicas que tanto tornavam sua vida feliz. Tinha ele se acostumado a viver como um bom vivant e pouco se importava com o amanhã; ele nunca havia lido o conto da cigarra e da formiga.


Um dia, uma pequena graça ocorreu no seu dia. Ele encontrou um pequeno filhote de unicórnio fêmea, a qual chamou de Bee. Ela havia se tornado a razão de todo o seu viver. A princípio, ele era um pouco raquítica e era meio desengonçada enquanto criança. Aos poucos, o seu tratador e seu melhor amigo forneceu carinho e boa alimentação para que ela se desenvolvesse.

Passavam dias inteiros juntos, Akio escrevia para ela poemas e sonetos. Tudo o que ele tinha, dedicava a ela, até as horas do seu sono. Gostava de velar o sono de Bee, acariciando as suas crinas negras e deslizando a sua mão pela face daquele unicórnio fêmea. Unicórnios crescem não só a base de alimentação, mas principalmente de amor. Akio ansiava para que Bee crescesse rápido, para que pudessem se aventurar para além da pequena floresta. A pequeneza dela havia, pouco a pouco, infectado o pequeno goblin; sentia-se menor do que ele próprio, fato que Bee sempre tentava negar, devolvendo-lhe o afeto dado por ele.

Porém, em uma certa noite, Bee fora vítima de uma grave moléstia. Seu chifre, fonte de todo o seu poder mágico que já se mostrava imenso, começou a apresentar uma coloração estranha. Akio ficou preocupado; conhecia pouco sobre unicórnios e menos ainda sobre as doenças que os acometia. Ficou preocupado. Procurou, então, entre as criaturas mágicas, como poderia fazer para salvar a sua companheira de longa data.

Foi orientado por uma Pixie que deveria procurar um velho mago que morava ao Leste da floresta. Uma travessia de três dias. Ele arregimentou suas próprias forças e arrumou uma pequena mochila com mantimentos para a viagem. Uma lança para defendê-los de alguma outra criatura que pudesse atacá-los. Assim, com esperança de que tudo desse certo e medo do que poderia dar errado, ele partiu em sua busca.

A travessia, em si, nem fora tão perigosa. Ao chega na velha choupana do mago, Akio teve uma surpresa. Era uma aprendiz do antigo mago que estava lá. Ela explicou para ele que o ancião havia ido atender um pedido do rei dos anões e por isto não estava ali presente. Um nó firmou-se na sua garganta, que foi medianamente dissolvida com as palavras suaves da doce aprendiz.

-“Escute com atenção, pequeno goblin...” – fez isto enquanto olhava cuidadosamente o chifre de Bee – “Este unicórnio tem um laço muito especial com você. Ter chegado até aqui não foi o mais complicado, mas o que vem a seguir o é. Deverá ir na montanha mais alta do pico nevado e encontrar uma erva vermelha, em formato de coração. É dela que precisarei para cuidar de sua amada companheira. Está pronto para isto?”

Um calafrio percorreu a espinha de Akio. Ele nunca havia feito nada tão perigoso e, por seu descuido, Bee havia contraído esta grave moléstia. Ele não sabia o que fazer, nem se deveria confiar na aprendiz. Decidiu, por bem, deixar Bee para que ela cuidasse. Sabia que ela não agüentaria a viagem que poderia possibilitar a sua reabilitação. Tinha medos e angústias, todas refletidas nos seus pequenos joelhos que tremiam.

Perguntou a aprendiz, com os olhos cheios de lágrima, se ela poderia administrar a situação até que ele obtivesse o fôlego necessário para que pudesse prosseguir em sua tão arriscada jornada. A aprendiz sorriu, disse que ele deveria confiar nele mesmo e que iria fazer de tudo para que Bee ficasse viva para que pudesse receber o bálsamo. O pequeno goblin, então, olhou para Bee.

Contemplou todos os seus medos, o medo de perdê-la, o medo de não se sentir merecedor de um ser mágico tão especial. Estava destruído por dentro, arrasado por todos os sentimentos desesperançosos que se pode haver. Chorava copiosamente a dor de poder perder alguém tão especial. Enquanto suas lágrimas se derramavam, algumas escorreram pelo chifre afligido pelas chagas. Algo aconteceu.

Seu sofrimento e angústia pelo amor que possuía por Bee deram uma outra cor ao chifre. Originalmente era branco e havia ficado negro com as chagas; agora, havia tornado-se cinza. A aprendiz o congratulou por demonstrar seu amor verdadeiro e que, pelas lágrimas derramadas, ele havia conseguido o tempo necessário para realizar a sua empreitada. E que, dali por diante, deveria provar que era merecedor do vínculo de amor que havia estabelecido com Bee.

Ele encheu seu peito de esperança de novo. Havia sido renovada toda a sua força para que pudesse trilhar este caminho novo, esta nova aventura, para que pudesse restaurar tudo o que o unicórnio era para ele. Sabia que precisaria voltar o mais rápido que pudesse com o bálsamo, para que o unicórnio finalmente pudesse se desenvolver em sua máxima plenitude, desabrochando uma magia nunca antes vista naquele século.

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