Ele, por sua vez, resolveu arriscar. Pouco era de fazê-lo, e somente transcorria assim por poucos motivos. Havia achado um em particular e resolveu seguir em frente. Pegou um sonho e o plasmava da matéria da concretude. Passo-a-passo, tornava-se mais forte no caminho em que seguia. Não sem dificuldade, choro ou mágoa; apenas resolveu caminhar em direção a algo melhor para ele. Não sabia o que, exatamente, mas sabia que o que vivia não podia mais ser bom. Sentia-se preso a um passado estéril.
Chegou, então, o momento em que poria à prova tudo o que tinha realizado. Fez o que todo combatente honrado faria: apostou tudo de uma única vez, crendo que aquilo traria a sua tão sonhada recompensa. Depois, esperou. Era uma espera tranquila, na maioria das vezes. Por outras, a sua ansiedade subia-lhe a garganta e sufocava-lhe o peito de tal maneira que achava que iria sofrer um infarto no miocárdio. Conquanto, sobrevivera a tudo isto.
Lembrou de uma vez em que viu um filme, onde um mestre ensinava um discípulo sobre como deveria aprender a lidar com o medo. Não é que ele devesse não sentir medo; todos sentiam, até o seu mestre. Ele apenas deveria canalizá-los para algo positivo, algo que fosse construir um bom futuro. Quando o medo batesse à sua porta, ele deveria dizer para entrar e mostrar o seu lar. Assim, o medo ficaria encolhido com tamanha luz que ele emitira.
"Não é com o nosso lado sombrio que devemos nos preocupar..." - disse ele - " E sim com a nossa dificuldade em aceitarmos ser felizes pela luz. É algo muito difícil nestes dias turbulentos; as pessoas ocupam-se em não serem felizes, em ratearem em direção a algo positivo." Alucrécio se alegrou com isto. Por pior que fosse temporariamente seu caminho, ele estava indo em direção a algum lugar. Este lugar seria o de sua felicidade, onde poderia erigir os templos mais bonitos para si próprio.
Sorriu. Um gosto de vitória e esperança subiu-lhe as papilas gustativas, dançando com elas como dois amantes dançam à meia luz, nus, em um quarto de hotel. Fechou os olhos e pequenos momentos de infância passaram como flashes de filmes. Sentia-se bem melhor ao saber como estava sendo humano naquele momento, aceitando suas fraquezas e ultrapassando-as, pouco a pouco. Dali em diante, os dias não seriam melhores, nem piores; apenas mais prósperos.
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