sexta-feira, 16 de abril de 2010

O guerreiro e a princesa

Era uma vez um guerreiro e uma princesa de um antigo país oriental. O reino encontrava-se em verdadeiro pandemônio: uma disputa entre dois ramos da família relapartiu ao meio o que antes era um próspero reino. Famílias destroçadas, morte, fome... Nada de bom poderia resultar deste conflito. O povo sofria e necessitava de algo que desse a eles esperança, algum parâmetro, mesmo o que de uma velha e antiga história, por mais fantasiosa que fosse de que o futuro poderia ser melhor do que aquele caos.


Havia uma antiga lenda de que uma princesa que nasceria com os cabelos negros como a noite e a pele branca como a neve poderia levar paz ao conflito que poderia levar o reino à ruína. Tudo poderia ser resolvido. Não que não houvesse custos: após batalhas, mesmo as mais pacíficas, as feridas levam tempo para cicatrizar. Mesmo que fosse somente destruída a matéria, haveria a necessidade de recompor o sentimento de lar das pessoas. Nada que não pudesse ser feito com o tempo, esforço e crença.

Nosso guerreiro sempre foi o mais próspero e promissor de toda a sua aldeia. Impetuoso, irascível, poderia dizimar dez homens sozinho em um confronto. Era um excelente lutador. Seu pai o tornou um guerreiro, embora fosse um simples pescador. Dentre todos os seus ensinamentos sobre a vida, buscou mostrar ao seu filho que levava tempo para se pescar uma carpa ideal, mas para que tal tento fosse realizado, deveria ter a paciência necessária e habilidade necessárias.

Ele aprendeu isto e tantas outras artes da guerra. Seguia seu Código de Honra de sempre defender a família real. Quando ela se partiu em conflito, decidiu apoiar a filha do imperador bondoso e justo que sempre disseminava o crescimento do reino, ao invés do irmão do imperador corrupto. Resolveu, após saber da crise, rumar para a capital para que seus préstimos pudessem ser usados em campos de batalha de maior magnitude.

Rumando para a capital, percebeu que havia sido realizada uma emboscada junto a carruagens reais. Mais do que rapidamente, agiu como um relâmpago para derrubar seus adversários e preciso como a águia. Foram sendo derrotados um a um. Quando percebeu uma calmaria naquele campo, resolveu ajudar os poucos feridos com vida. Foi quando ao realizar um curativo em um ferido, sentiu uma sombra nas suas costas.

Sentiu um adocicado perfume de jasmin. O cheiro o inibriou por um momento, o suficiente para que se voltasse mais para a direção do sol, onde se encontrava aquela figura feminina. O sol emoldurava o seu corpo e o guerreiro ajoelhou-se em respeito a uma mulher da nobreza. Ela pediu que ele levantasse, tocando o seu ombro ferido. Ele gemeu de dor. Ela, se inclinou e tratou de cuidar para que a bandagem, improvisada com seu lenço de seda verde, pudesse estancar seu ferimento após tê-lo lavado.

Quando observou mais de perto, fitou-a nos olhos. Nunca tinha visto olhos tão bem adornados de uma misteriosa presença de espírito. Aquela mulher era serena tal qual um rio, porém escondia dentro de si a força de mil dragões. Ficou impressionado com tamanha ousadia de sua parte, retirando os olhos de sua direção. Ela sorriu, tímida, buscando cuidar mais do ferimento do que de seu salvador.

Levantaram-se do chão. Quando os dois estavam em pé, ela sorriu meigamente, indo agradecer. Foi quando ele percebeu que seu sorriso transformara-se, abrindo mais largo. Seus olhos dilataram-se. Sua boca se abriu e engoliu a seco, seu corpo cedeu. Havia sido atingida por uma seta de um arco. Buscou, em vão, o agressor: ele já havia cumprido a sua vil e covarde tarefa.

Deitou-a no chão, de lado. Retirou a flecha com um cuidado infinito, mas nada mais poderia fazer. Ela iria morrer. Ele teria andado tão longe, teria vindo de um lugar tão distante para que não conseguisse cumprir a sua tarefa? Ele não poderia mais ajudar a reestabelecer a paz no seu reino, paz que tanto presava. Sentiu-se impotente.

Foi quando sentiu uma mão no seu ombro. Era uma mão idosa, de um velho sacerdote. Lamentava a morte da princesa, mas dizia que poderia ter uma solução. A princesa poderia viver desde que um virtuoso guerreiro desse sua força vital a ela em troca de que ele ficasse aprisionado no tempo, até que a própria princesa o livrasse da sua prisão que seria o seu próprio corpo.

Percebeu que o olhar da princesa se perdia. Sua força se esvaía rapidamente. Aceitou que o sacerdote fizesse o pacto, somente queria se despedir de sua princesa. Ajoelhou, como em reverência a sua realeza. Uma lágrima minou, enquanto a pegava com sua mão direita sua mão esquerda e pousava a palma da mão esquerda na sua. Levantou sua mão esquerda e beijou-a na mão. Havia transferido para ela sua força vital e transformara-se em uma estátua de pedra.

O sacerdote explicou para a princesa o que ocorrera. Ela, por sua vez, levou a estátua e ordenou que o sacerdote encontra-se uma solução para que pudesse libertar seu guerreiro. Em vão. Somente pôde contribuir, a princesa, com a restauração de seu reino mediante o amor incondicional daquele homem. Em uma atitude desesperada, pedia que outras mulheres do reino pudesse trazer de volta aquele que ela mesma havia congelado no tempo. Sem sucesso.

Nosso guerreiro, porém, não estava morto. Podia ver tudo de sua prisão e aguardava ansiosamente para ser liberto. Minutos, horas, dias, meses, anos... Décadas. Décadas se passaram enquanto nosso nobre guerreiro apenas podia observar a evolução do mundo. Seu sentimento de angústia era indescritível, mas sabia ele que tinha optado pelo caminho certo, pelo caminho do seu sentimento verdadeiro. Deveria acreditar naquela amor que nasceu em poucos minutos, algo tão devastador e nobre que estava arraigado em sua alma.

Milênios se passaram. Ele observa o mundo já com uma vaga lembrança de algo que ocorrera. Confudia-se com fatos, tamanha a quantidade do desenrolar histórico que havia presenciado. Por vezes, esquecia do rosto de seu amor, tentando apenas uma vaga idéia de um sentimento. Lembrava de uma falta que tinha dentro dele. Chorava, por dentro; berrava. Porém a sua prisão permanecia incólume. Nada poderia demovê-lo desta situação: tinha aberto mão de sua vida pela de uma mulher que amou apenas ao vê-la.

Buscou, neste momento tão confuso, apenas se acalmar naquele museu antigo. Buscou as palvras de seu pai sobre ser paciente para se pescar uma boa carpa. A carpa ideal... Era isto o que alguém dizia... Era seu pai  que dizia. Começou a lembrar de sua infância, de tudo, bem devagar. Estava relembrando cada passo seu na sua própria história e todas as hitórias que havia presenciado nestes milênios de espera.

Perdido entre pensamentos e emoções, sentiu o toque quente em sua mão. Nunca tinha sentido calor, frio, nada desde o momento... Desde o momento de sua escolha. Percebeu que uma mulher, alva como a neve e com os cabelos negros como a noite o tocavam. Ela o fazia com se fosse em um tipo de transe, como se fosse imbuída por algo maior do que ela mesma.

A mulher tocou as mãos do guerreiro e acarinhou seu rosto. Um sorriso tímido subiu-lhe a face. Ela, então, tocou os dedos da estátua, quase como se busca-se entender através dos sentidos o que de tão especial a entretia naquela estátua tão específica. Uma lágrima minou no seu rosto, percorrendo sua bochecha, passando perto de seus lábios e indo, vagarosamente em direção ao seu queixo.

Escorreu a lágrima, tocando a mão da estátua. Naquele momento, o guerreiro percebeu que toda a agonia da espera, toda a desesperança, toda a eternidade de tormentas que tocavam sua alma, quase apagando de sua lembrança quem ele era... Nada disso era grandioso demais ao simples gesto do seu amor.

0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado pela contribuição! Brevemente a lerei e comentarei!

Template by - @Dudshp | desde 10/11/2009