terça-feira, 27 de abril de 2010

A uma sem nome II

Adentramos o nosso pequeno paraíso de uma eternidade de promessas, um quarto só nosso. Pouca luz raja pelas cortinas e iluminam o lençol de cetim branco. Após algumas abraços de saudade, toques de carícia, vem a paixão de nossos beijos. Interrompemos, por um minuto, tudo o que acontece enquanto eu busco a sua música predileta para que ouçamos juntos.

Quando olho, vejo que está coberta com o lençol, olhando para mim de um jeito maroto. Parece-me a moleca da infância que furta a bola de futebol para que o menino de quem gosta venha para lhe dar atenção. Você vira de costas, de bruços, quase como se oferecendo para mim. Percebo e sorrio para mim mesmo a ver aquela pintura maravilhosa que você fez. Enquanto a música corta o ar, aumentando a aura do nosso encontro, chego perto e descubro pouco a pouco o meu tesouro.

Ao arrastar o cetim pela tua pele, percebo que ela esta desnuda. Não toda ela. Está usando aquela pequena peça negra que realça na tua pela alva, cobrindo a maior parte do meu desejo daquela noite. Você olha para trás e me sorri, convidativa. E eu, como um servo do teu prazer, aquiesço em me prestar a sua satisfação. Quero naquele momento acordar o dragão que existe dentro de você e, para tanto, tenho que seguir o caminho dele.

Vou beijando e tocando desde o início do seu cóccix, subindo bem devagar por sua pele. Ao fazer isto, vou desnudando os pêlos do teu corpo com o meu beijo, ouriçando-os como o porco-espinho o faz para se defender: mas ali o teu único desejo é estar totalmente indefesa e convidativa a toda e qualquer investida do teu amorzinho. Após um exaustivo e gradificante caminho, chego ao teu pescoço. Sinto o teu cheiro permear o ar, trazendo uma atmosfera de hedonismo. Pego o óleo e exploro cada parte do que se oferece para mim, cada pequena curva, cada pequena amostra de montes, cada pequeno orifíio de um modo apaixonante e gentil.

Escuto um arfar quando tiro a minha boca do seu corpo. Quando então beijo teu pescoço, ouço outro mais intenso seguido de um salivar de sua boca. Ao tocar teu pescoço com os dedos, invisto meus esforços em tua orelha direita, percorrendo o lóbulo e a parte interna, passando lentamente meus dentes e língua como se quisesse usurpar aquele pequeno pedaço para mim. Falo, bem baixo e quente, tudo o que desejaria ouvir naquela hora de prazer mais aflorado. Ruboriza-te a face e teus olhos brilham com o que foi escutado pelos teus canais auditivos.

Viro o seu corpo e retiro aquela peça que cobre tudo o que desejamos nos dar. Guardarei como um troféu dos cruzados, após retornarem uma longa batalha. Será meu para todas as noites frias e cinzas que passarei sem você. Mas logo esqueço-me disto e passo-me a dedicar toda a minha atenção ao seu pequeno cálice. Encho-o de vinho, misturando o teu gosto com o da uva e deleito-me com este prazer. Tento preencher o que vaza, tentando não desperdiçar ao menos uma gota... E tenho sucesso.

Passo maravilhosos longos minutos, sentindo o teu corpo se retesar e se comprimir, se esticar e pedir por mais. Sinto seu coração palpitar cada vez mais rápido de onde estou e sinto que suas coxas se retraíram demais. Sinto que algo está próximo. Paro. Levanto minha cabeça e vejo teu rosto transtornado por toda intensidade da volúpia provocada pelas minhas carícias. Teus olhos, vidrados e enlouqecidos, não conseguem se conter e deixam sua boca implorar por mais.

Sempre sendo o gênio de teus desejos, debruço o meu corpo sobre o teu e beijo de uma maneira ardente. Serpenteio minha língua na tua boca, mordendo seus lábios e, nestes beijo melado, suado e ardente, preencho o teu vazio tão desejoso de algo que o completasse. Neste momento, você arfa tão alto de prazer que pede para que eu nunca mais pare, para que eu nunca mais saia dela, para que eu nunca mais a deixe ir embora. Escuto tudo aquilo e aumento a intensidade de meus movimentos.

Continuamos nesta nossa flexão enquanto você crava suas unhas nas minhas costas, como se quisesse me colocar cada vez mais dentro de você, buscando fundir dois seres em um só. Sinto-me muito gratificado com isto e continuo até que escuto aumentar seus gemidos até que... Até que se rompe um ar com um único e imenso som de satisfação. Seu corpo todo se comprime por um minuto e se larga no nosso leito. Tua respiração tão acelerada, teus choques tão aumentados... E foi só a primeira parte de uma longa história do que será a nossa noite.

0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado pela contribuição! Brevemente a lerei e comentarei!

Template by - @Dudshp | desde 10/11/2009